MARTHA PAGY ESCRITÓRIO DE ARTE
artistas exposições quem somos notícias contato múltiplos projetos




Temos o prazer de apresentar as exposições de Analu Nabuco e Floriano Romano, artistas convidados para as próximas individuais da galeria.

Embora façam uso de técnicas e suportes distintos, Analu e Floriano têm como prática o deslocamento como fonte de pesquisa e matéria para os seus trabalhos.

Analu Nabuco apresenta um conjunto singular de objetos escultóricos feitos com descartes do homem e da natureza, “…achados ao acaso, coisas que despertam a curiosidade do meu olhar e me instigam a uma nova reflexão, me impulsionam a criar novas formas. Os objetos que crio nada mais são do que transformações para um novo olhar sobre a matéria básica e suas memórias.”

Floriano Romano fundamenta a sua produção nos percursos performáticos percorridos no espaço urbano e deles retira a matéria para as instalações sonoras, os sapatos acústicos e as pinturas que parecem dar conta de representar graficamente todo esse processo. Floriano nos diz: “Esquinas são lugares, linhas em um mapa impossível, cruzamentos. Uma deriva entre a percepção da caminhada e o som das ruas. As pinturas sobre madeira mostram essas trajetórias em um mapa ficcional feito de planos que se alternam visualmente jogando com o ponto de vista do observador.”


_ curadoria e texto: Martha Pagy
_ desenvolvimento: Pedro Pagy
_ produção: Bruna Estellita
_ montagem: Alexandre Rodolfo


Período: 25 de Março a 18 de Maio de 2024
Visitas por agendamento através do WhatsApp: 21 98141-3234




Martha Pagy Escritório de Arte abre a temporada de 2024 com 3 exposições individuais dos artistas Leonora Weissmann, Lica Cecato, Thainan Castro. Cada um deles ressignificando memórias e vivências no processo criativo. Como um mergulho profundo em suas raízes. Thainan traz a nova Série Procuramos no Tempo, em que explora as peculiaridades do papel: “ (…) os papéis encontrados em sebos e feiras de rua, as imagens que aos poucos se revelam, sejam memórias ou reminiscências do que um dia já foi vivido e se perdeu e foi reencontrado, assim como as palavras apagadas desses papéis velhos e amarelados. Tudo ganha ressignificado, vira uma nova história para o artista. Como se a partir daqueles achados ele se encontrasse também (…) E o papel também é janela que convida o espectador a observar o outro lado, reencontrar, naquelas palavras apagadas, histórias que conversam com suas próprias memórias, achar pistas nos desenhos que ora se desfazem, ora se reconstroem, mas deixam sempre um espaço para se inserir como parte daquele momento.”

Leonora Weissmann apresenta um conjunto de pinturas abstratas em Paisagem Materna e delas nos fala: “As pinturas que realizei de 2022 até o presente apresentaram uma atmosfera mais fluída, úmida e solúvel. São paisagens sem bordas tão nítidas, embora o esquadro da tela continue presente. O branco do suporte e os registros do processo, do desenho são mais evidentes e as formas mais orgânicas e arredondadas. Todas têm a técnica da colagem aliada à pintura que segue diversos procedimentos como lavadas, apagamentos, máscaras e veladuras. As paisagens são mais imaginativas no sentido de que partem da colagem de referências diversas, mistura de sonhos, memoriais e fontes diversas junto ao desenrolar do próprio momento de pintura, onde as manchas vão sugerindo caminhos.”

Lica Cecato mostra a Série Notações em pinturas e desenhos: As "notações" que estou mostrando nesta série de trabalhos começaram em 1990 e continuam até hoje, em diários anuais que mantive e mantenho sistematicamente desde que deixei o Brasil em 1978. Embora minhas notações tenham sido escritas/desenhadas ao longo de décadas, alguns trabalhos refletem um momento histórico ou emocional específico, capturado em um diário de forma furtiva em um avião ou trem, esperando o transporte público, nos bloquinhos de anotações de um hotel, em um banco de um museu ou em uma sala de leitura de uma biblioteca, ou recostada em um parque. A artista viajante - sem cavalete, pincéis, tintas ou outros equipamentos - usando apenas papel e um instrumento de escrita, captura e decodifica o caminho de seu próprio labirinto da vida.”

Período: 31 de Janeiro a 09 de Março de 2024

Visitas por agendamento através do WhatsApp: 21 98141-3234




COLETIVA:

Com a participação de 26 realizadores e obras de técnicas e linguagens variadas, a exposição reproduz o universo de atuação da galeria e ressalta suas principais características: a localização num ambiente residencial, que explora a escala e o acolhimento da casa e potencializa a fruição mais apurada pelo visitante; e o diálogo entre artistas de diferentes gerações, incluindo desde os emergentes até os mais consagrados.




ARTRIO 23


A pintura como representação e apresentação e a dicotomia entre o figurativo, que reproduz/repete o real, e o abstrato, que se afasta do real em prol das ilusões, compõem o eixo curatorial da nossa proposta para a ArtRio 2023.

Para dar conta destas questões, foram selecionadas obras dos artistas Thainan Castro, e seus corpos em desintegração matérica; de Joey Seiler, com obras que resultam da sua pesquisa no âmbito da pintura expandida e da tridimensionalidade; do pernambucano Bruno Alheiros, cujas pinturas trazem personagens de referência da literatura infantil transidos de susto com o próprio inconsciente; e de Caio Pacela, com a série Exercícios de Manutenção do Instinto, em uma inusitada representação do real.


AGENDA ARTRIO:


JARDIM DE ESCULTURAS_LUIZ BRESEGHELLO

O artista apresenta Natura Inox, escultura em grande formato, em exibição no jardim durante todo o período da feira.

MIRA_LAURA ERBER

14 DE SETEMBRO_20h | PAVILHÃO MAR

A artista apresenta o vídeo "Diário do Sertão, 2007" no Mira. Com a curadoria da cinemateca do MAM, o programa convida o público a explorar narrativas visuais com temas e seus elementos de composição, que atravessam um conjunto de obras cinematográficas relacionadas ao Brasil.

PERFORMANCE_BRUNO ALHEIROS

15 DE SETEMBRO_17h | PAVILHÃO MAR - V4_MARTHA PAGY ESCRITÓRIO DE ARTE

Inspirada na obra "Alice no País das Maravilhas", a performance se inicia na porta de entrada da ArtRio com o artista caracterizado de Alice, circulando pelos corredores da feira a caminho do estande da galeria. Lá o público encontra a cena do 'chá da Alice' e é convidado para um bate-papo com o artista.




No Sábado, 01/07, Martha Pagy inaugura 3 individuais com pinturas, desenhos e objetos-escultóricos do artistas Gui Machado, Laura Erber e Paulo Damásio.

GUI MACHADO, 1984, que vive e trabalha no Brooklyn/NY, apresenta INTERSEÇÃO e nos fala:

"A minha nova série é baseada na interseção entre o preto e o branco, a tela e a tinta, o consciente e o subconsciente, RJ e NY, a arte sonora e a visual, o processo e o resultado.
Após anos desenvolvendo essa técnica eu encontrei a maturidade no meu trabalho. Já não me questiono mais sobre o processo pois continuo me surpreendendo com novas formas de me relacionar com a prática de estúdio. Nesse último ano tive que me desapegar de parte do meu acervo quando o estúdio onde eu estava trabalhando pegou fogo. Por um tempo isso me causou muita dúvida, mas depois de muita reflexão eu percebi que algumas obras não vão durar para sempre e isso é um ciclo assim como o da vida. O que importa é o que eu aprendi durante o processo, que vai influenciar as pinturas posteriores.”

Gui Machado é brasileiro, radicado no Brooklyn, Nova Iorque, desde 2011, quando iniciou seus estudos na SVA (Escola de Artes Visuais), tendo como foco a pintura. Desde 2012, Gui Machado tem participado de exposições nos EUA, Europa e Brasil, assim como de duas edições da ArtRio pela Martha Pagy Escritório de Arte.


LAURA ERBER, 1979, carioca que vive e trabalha entre Haia e Leiden/Holanda, nos fala da mostra Sobre Pequenas Histórias de Evasão:

"Há alguns anos integrei o desenho à minha rotina. Em outra ocasião escrevi que o desenho é minha cachaça, também poderia dizer que o desenho é uma profissão de fé sem Deus, um exercício de visualizar o que não tem existência visual. Embora vocês possam reconhecer nas imagens folhas de papel, cadeiras e mesas, não encaro estes desenhos como retratos de objetos. (...) Para mim desenhar tem sido um antídoto contra o imperativo de fazer sentido no qual a linguagem oral e escrita nos enreda, mas é também um modo de percorrer o desejo de escrever e seus percalços quando o escrever ainda não se atrelou a um tema ou conteúdo. Desenho como método de interrogação do enigma da escrita. (...) Estes desenhos falam do sonho de uma escrita que se escreve a si mesma, emancipada das neuroses da autoria. Num sentido mais telúrico, os desenhos me ajudam a fazer a passagem entre minhas diferentes atividades - são uma pontuação, uma escansão, criam um ritmo. Desenhar é também escrever fora do papel, no duplo sentido, fora do papel de escritor(a), e fora dos limites da literatura.Talvez por isso as folhas de papel apareçam flutuando, num espaço sem nome ou gravidade. Alguns são cenas de leitura, e são todos Pequenas Histórias de Evasão porque as próprias linhas estão em estado de rebelião, ou entregues ao balbucio, aos caprichos de uma protolíngua eternamente a caminho, ou adormecida sobre a língua que diz sempre coisas demais e coisas de menos, a porção inarticulada do que se articula.”

Escritora, artista e editora. Suas obras foram exibidas em diversos museus e centros de arte no Brasil e no exterior, tais como Fondació Miró, Le Plateau, Jeu de Paume, Grand Palais, Casa Européia da Fotografia, CIAP Vassivière, Museu de Arte Contemporânea de Moscou, Skyve Ny Kunstmuseum, Palais de Beaux Arts de Paris, Centro Cultural Banco do Brasil, MAM-Rio e Casa de Cultura Laura Alvim. Recebeu bolsas do Le Fresnoy (França), Akademie Schloss Solitude (Alemanha), Vlaanderen Pen Center (Bélgica).


PAULO DAMÁSIO, 1994, vive e trabalha entre São Paulo e Rio de Janeiro.
Pintor e artista intermídias, formado em Pintura pela UFRJ e egresso da EAV. Através de pinturas, esculturas digitais e físicas, performance e poesia, Damásio cria um jogo de linguagens paradoxais. Dele nos fala a artista Patrizia D’Angello:

“Sobre Paulo Damásio, virginiano, perfeccionista e intenso que também pode, em certas ocasiões, responder por uma miríade de variações de seu nome (...) podemos dizer que sua Arte é sua verdade, que caminha pela vida borrando as divisas, atravessando fronteiras para lhes apagar as bordas, que gosta de com uma só cajadada criticar e afirmar. Paulo, o Damásio, o ambivalente, se interessa muito por misturas, híbrido que é se transborda para além de si, não teme a auto-ficção, ao contrário, faz dela seu escudo e sémem.
Sua pintura se expandiu e se espraiou em assemblages, ready-mades customizados, games, site specifics, textos, áudios, objetos fetichizados e sacrosacanas, dispostos numa expografia tal que ninguém escapará de uma experiência imersiva nesse campo de paradoxos.”

Suas obras estão em relevantes coleções particulares e institucionais como o Museu de Arte do Rio - MAR. Entre suas exposições, destaca- se "POPFRITO", um programa de mostras individuais: A antologia, em São Paulo no espaço GEMA, com textos dos artistas Cabelo e Patrizia D'Angello (2022) e a expo-videogame com texto de Alvaro Seixas (2020).


Exposição: 03 de Julho a 26 de Agosto de 2023

Visitas somente por agendamento:
• whatsapp - 21 98141-3234
• e-mail - marthapagy.escritoriodearte@gmail.com




De Buenos Aires, Toulouse e Vitória, Juliano Mazzuchini, Mariana Magalhães e Patrizia Boechat nos trazem obras inéditas para as próximas exposições na galeria. Ensaios poéticos que revelam o universo de cada um dos artistas.

Em sua primeira individual numa galeria carioca, Mazzuchini - brasileiro radicado na Argentina, apresenta Alusões ao Aqui e fala de seu processo:

"Os trabalhos apresentados nesta mostra são resultado do meu processo de criação dos últimos três anos, onde busco corporificar na pintura questões subjetivas que atravessam a minha prática. Penso que minhas pinturas apresentam indícios pictóricos que comunicam tanto meu interesse no humano quanto meu interesse na própria materialidade da linguagem que é a pintura.

Ainda que pareça contraditório, proponho na minha produção não ser narrativo ou ilustrativo, acreditando que a potência da pintura pode se contrapor ao imediatismo como resposta de nossos dias.”


Mariana Magalhães Costa, que vive e trabalha em Toulouse, adquiriu um interesse pelo espaço construído a partir dos estudos em arquitetura e iniciou a sua pesquisa nas artes com uma investigação sobre o azulejo. As composições modulares constroem um todo feito de muitas partes - semelhantes entre si, porém únicas. A cor azul faz referência ao barroco português, que também traz influências chinesas, islâmicas e europeias. Com este olhar para o passado, o seu trabalho fala sobre uma memória pessoal, mas também coletiva. A escolha do papel como base permitiu romper com a rigidez da cerâmica.

Na individual Pele, Mariana nos mostra trabalhos mais recentes, que revelam um movimento gradual de desprendimento do plano, rompendo com os limites impostos pela moldura e explorando tridimensionalmente o espaço. Isso aparece na obra “Manto” _ uma instalação que se ancora na parede através de alguns pontos de contato, assumindo características de pele e atribuindo à parede lisa uma nova superfície orgânica.


Em RachadurasPatrizia Boechat, que vive e trabalha em Vitória, apresenta pinturas recentes que derivam de sua pesquisa: ”Minha maior inspiração vem do caos urbano, dos passantes, dos movimentos internos que reverberam, ultrapassam a arquitetura, atravessam as cidades diariamente em um ritmo colossal, e ora se acumulam como camadas do tempo ora rompem o cotidiano como rachaduras. No campo pictórico, interessa-me investigar o surgimento e a materialidade destas rachaduras. De onde vêm? Que histórias carregam? Que afinidade temos?

São brechas, portais de passagem que rompem a superfície e deixam aflorar a vida”.





Local: Martha Pagy Escritório de Arte
Flamengo - RJ

Exibição: 15 de Maio a 23 de Junho
Contato: + 55 21 98141-3234 (whatsapp)
Visitas sob agendamento




No ano em que completa uma década de atividades, Martha Pagy Escritório de Arte mais uma vez abre a temporada de exposições, apresentando novos talentos das artes visuais. "Abrir espaço para artistas ainda não inseridos no mercado e atuar como uma plataforma de lançamento da sua produção são propostas que integram a missão de nossa galeria e a elas nos dedicamos com entusiasmo”, diz Martha. "Este ano convidamos 10 artistas com linguagens e técnicas distintas para a coletiva VOCÊS, VERÃO, que tem a curadoria de Bruno Miguel e a concepção de Pedro Pagy.”

Artistas convidados:

BRUNO ALHEIROS
CAIO PACELA
CIBELLE ARCANJO
CRIS ONOFRE
ELIAS LAZARONI
LUNA BASTOS
MAKH HANAMAKH
NUNO Q. RAMALHO
PAULO DAMASIO
VANESSA XIMENES


Visitação por agendamento: 6 de março a 21 de abril de 2023
Whatsapp - 21 98141-3234


A seguir, texto-manifesto do curador Bruno Miguel.



Vocês,
Verão

Bruno Miguel


Vem deslizando (vai)
Que eu tô gostando (vem)
Ela me pede (mais)
Não para não (meu bem)
Zona de Perigo – Leo Santana.





Vocês verão que esperando pelo sol, é estranho te pedir calor, a gente é estrela, preta em quase toda superfície, a festa das crianças, anuncia o sol naquele pique, o caminho das águas, segredo do mar ter coragem é nossa sorte o poder de mudar, meu destino, o horizonte a se aproximar, pé no chão,
areia no colchão.

Vocês verão
o Brazil com s,
a cultura como salvação da nação,
a valorização da ciência e da educação,
o direito à alimentação, à demarcação
vacina no braço, esperança no olhar
o governo buscando união e reconstrução.
anistia não.

Vocês verão
Alegria sem fim,
nossa bandeira é vermelha,
Lula ladrão roubou meu coração,
Bolsonaro cuzão meu pau na tua mão,
gado perdido, racistas em chamas,
corpos outros, mamilos livres,
rachadinha só na fenda do biquíni,
bronzeado em dia, marquinha de fita,
marcação nas fotos,
fatos fakes não passarão.

Vocês verão
Subúrbio invadindo a zona sul,
busão lotado, patricinha no baile,
charme em Madureira, preto no branco,
o bonde bolado,
cogumelo, balinha,
doce, quartinho, meinha,
cigarro, cigarrinho, balão,
poppers, 3 por 20, ousadia, latão
cachaça, granadinha, glitter,
curtição.
Vocês verão o verde na paisagem, mormaço na praia, oferenda na cachoeira, em casa refrigeração, meditação, o último carnaval, o próximo bloco, feriado prolongado, harmonia nota 10, beijo na boca, mão nos quadris, cintura nervosa, suor na pele salgada, na coxa tatuagem de leão no pescoço chupão.

Vocês verão que nunca foi sorte, sempre foi Deus, uma pós modernidade naif, Cristo novo, velhos preconceitos, orgulho e reparação São Jorge no cavalo, Ogum de Honda, Laroyê na Avenida, arco-íris na escola, fé na camisa, amarelinha aposentada, menos acampamento mais manifestação.

Vocês verão
que o que vocês viram
ficou pra trás
Eles, Inverno
Vocês Verão.






THAINAN CASTRO, carioca, nascido em 1990, com graduação em design pela PUC-Rio.


  Na individual DESAGUAR, Thainan nos mostra obras inéditas que resultam do desdobrar de seu processo de desenho através de uma recuperação física depois de um acidente que lhe tirou temporariamente os movimentos. Sua investigação fala da memória; da busca de instantes ordinários em seus caminhos pela cidade; dos lugares pelos quais passa; e de lembranças de outros momentos já vividos. Thainan foi indicado ao Prêmio PIPA 2021.

  “A piscina por algum tempo foi um novo habitat. A densidade líquida daquele ambiente me sustentava mais que o ar atmosférico. Ao mesmo tempo que ela amparava meu corpo naquele quadrado cheio d'água, gerava uma carga que me demandava força para exercer o movimento. Mas a fluidez da água ao mesmo tempo que era carga era também meio, era motor.
Por várias vezes me peguei tão à vontade naquele ambiente que já não o sentia como cheio d'água e sim como um grande “vazio”, um novo vazio que me sustentava, me possibilitava ficar em pé e me sentir em cinesia novamente.” Thainan Castro




Exposição coletiva À DERIVA, com obras inéditas de:

Anna Bella Geiger | Anna Dantas | Joe Seiler | Lica Cecato | Luiz Breseghello

De Anna Bella Geiger, apresentamos duas novas gravuras que dão o título à exposição: À Deriva. Nestas belíssimas impressões em fine-art, Anna Bella mostra imagens distorcidas do mapa-mundi que, como figuras soltas no espaço, vagueiam pelo dia e pela noite.

Anna Dantas nos mostra a obra Linha Vermelha - impressão fotográfica com a imagem da artista interagindo com linhas costuradas sobre o papel.

Em sua investigação em torno das composições cromáticas, Joe Seiler apresenta obras de pequeno e grande formatos, utilizando desta vez a madeira como moldura.

Lica Cecato apresenta duas novas séries: DREAMBOXES, desenvolvida durante a pandemia, com pinturas e objetos tendo pequenas caixas como suporte. As caixas como enclausuramento.

E MUSHI, desenhos que resultam de uma pesquisa da artista em um compêndio da medicina chinesa, de 1568, onde os vírus e microorganismos que habitam o corpo humano são retratados em cores tão definidas vermelho-branco-laranja, e formas tão engraçadas, cada uma com seu próprio nome e definição do que ela pode causar.

De Luiz Breseghello, artista convidado, mostramos uma série de esculturas em pequeno e médio formato, em aço corten e escovado, reveladores da sensibilidade e apuro técnico do artista.




MARTHA PAGY ESCRITÓRIO DE ARTE

CONVIDA PARA A COLETIVA

COMANDO

Artistas Convidados:
Caligrapixo & Senk | Patrizia Boechat
Artistas Representados:
Anna Dantas | Gui Machado | Ian Raposo |
Joe Seiler | Laura Erber | Marcelo Mello | Marcio Swk | Regina Silveira

“Nenhum artista está à frente do seu tempo. Ele é o seu tempo.
Os outros é que estão atrás”
Martha Graham

Em épocas de debates acirrados e de disputa de poder, vale sempre lembrar qual é o papel da Arte e sobretudo do artista no contexto dinâmico da sociedade contemporânea.

Tendo a prerrogativa da liberdade de criação e da possibilidade de novas experiências, sem as amarras do sistema sócio-político-intelectual vigente, o artista acaba por ir além de seu próprio tempo e da compreensão do senso comum, levantando questões e provocando reflexões que permitam novas leituras e configurações do real.

Foi este o pensamento que orientou a concepção da coletiva COMANDO que apresentamos em Setembro.

Em sua origem, o título remete à ideia de controle, de poder, da função de quem o exerce.

Transposto para o campo da Arte, aponta um novo plano no qual a pulsão vital de seus realizadores rompe com energia a barreira do que já é sabido, do previsível, do que foi previamente aprovado.

Para a coletiva COMANDO, convidamos 11 artistas cuja produção vibra em sintonia com o ritmo acelerado, caótico e fragmentado da contemporaneidade e ao mesmo tempo com temas universais e atemporais.

São realizadores de diferentes origens, gêneros, credos e linguagens, que fazem da pintura, do desenho e da fotografia sua forma mais autêntica de expressão. No campo da Arte o COMANDO é de quem a realiza e enfrenta com coragem a dura tarefa de questionar a realidade como um todo e de se tornar alvo fácil de críticas dos proprietários do sistema.

Martha Pagy
Pedro Pagy

ABERTURA: 10 DE SETEMBRO | SÁBADO | 17 ÀS 20H
RSVP +55 21 98141-3234
LOCAL: MARTHA PAGY ESCRITÓRIO DE ARTE
FLAMENGO – RJ

PERÍODO DE EXIBIÇÃO: ATÉ 12 DE NOVEMBRO




ENFEITES DE PAREDE

Visitar um conjunto mais amplo da produção de Joe Seiler é reafirmar sua relação com a prática entre o desenho e a pintura, suas interrogações sobre a cor, mas também uma chance de perceber outras nuances da obra. Em “Enfeites de Parede” estão reunidos cerca de 20 trabalhos, em papel e acrílico, todos inéditos, feitos especialmente para a ArtRio. O título da exposição aponta, de maneira irônica, para nossa tendência de ver na cor — e aqui especialmente a cor na obra de Joe Seiler — um lugar de conforto. A variação de escala chama a atenção, com peças cuja menor medida pode chegar a 10 cm e a maior, a 140 cm, e foi com base nessa variação e da maneira como esses campos de cor ganham, ou insinuam ganhar, corpo que a ocupação do estande foi pensada. A lógica constelar evidencia o interesse do artista pelo espaço e pela arquitetura, assim como seu pensamento sobre a cor como campos de força, ativados em cada obra e no espaço entre elas.

Ver esse conjunto é também perceber uma discussão que se refere ao material ou ao suporte. Conhecido por seus estudos sobre a cor, Joe Seiler parece dedicar atenção não só às relações cromáticas em si, mas também à maneira como elas se constituem. Há um cuidado na fisicalidade da cor. Das três cores que sempre habitam suas composições, a terceira é sempre resultado da mistura das outras duas. Uma mistura de tintas, acrescentadas sobre a superfície, que reagem ao acúmulo de matéria e gesto sobre o papel. É comum perceber certa ondulação nesses papéis, que deixam de ser só suporte para assumir um caráter quase escultórico, com gestos que viram massa. Seus objetos de acrílico colorido também guardam esse flerte com a tridimensionalidade. Apesar das placas estarem apoiadas na parede, seu acúmulo em camadas e sua dimensão física, aqui com chapas de 200 x 100 cm, também marcam uma presença física no espaço.

Mas nem tudo é tão aparentemente confortável. Ou, se é, não vem sem algum desconforto antes. Ver essa reunião de obras também é ter a possibilidade de compreender o desafio ao corpo do artista, algo como um flerte com a prática performática. Aqui me refiro a um traço recorrente das primeiras performances, realizadas ainda entre os anos 1960 e 1970, que colocavam o corpo em situação de teste, de resistência ou mesmo como unidade de medida. Nas obras de Joe Seiler, o gesto repetido é elemento constituidor, considerando não só o acúmulo de traços, mas também sua intensidade. Esses dois elementos — traço e intensidade — mudam de acordo com as diferentes escalas de papel adotadas, além de estarem intimamente ligados, como reflexos da capacidade de trabalho e do desgaste do corpo do artista, depois de horas repetindo o mesmo gesto, e conforme o acúmulo de tinta vai se dando no papel. Nesse sentido, há algo de autorretrato em cada uma dessas obras, se pensarmos que elas são como um espelhamento do corpo do artista.

Há aqui algo entre a crença na mão (no traço), um teste de resistência, no esforço quase performático de seguir na ação de desenhar até a tinta da caneta acabar. Um processo que demanda, segundo o artista, paciência ou tempo para jogar fora, e que deixa rastros, não só nas superfícies, mas também no acúmulo das canetas usadas em cada uma das obras. Elas são como a memória viva de todo esforço empregado e de todo tempo demandado para cada trabalho. São também quase como um estudo de caso de funcionamento da indústria. A caneta Bic, única usada por Joe (daquelas que encontramos em qualquer papelaria), tem origem francesa, mas é produzida no México. As cores usadas por ele são as disponibilizadas pela indústria, mas, ao longo dos anos, muitas saíram de catálogo enquanto outras foram lançadas, revelando a oscilação de gosto do mercado. Há ainda cores que existem em mercados no exterior, mas que não chegaram ou demoram a chegar no Brasil, além do impacto das estratégias de venda de pacotes — antes era possível comprar uma caixa com canetas de uma única cor. Agora, essas caixas oferecem diferentes cores, misturando as mais procuradas com outras menos.

É curioso perceber como a produção de Joe Seiler lida com a cor calcado na chave da história da arte, em uma tradição de pesquisas sobre o potencial cromático; sua abordagem da cor se dá sob um ponto de vista quase irônico, pensando a origem, a circulação e os limites dessa cor.

Fernanda Lopes




ISABEL BECKER - LUZ NA SOMBRABRASÍLIA: LUZ NA SOMBRA

O novo trabalho de Isabel Becker é uma pesquisa sobre luz e sombra – as tintas do fotógrafo –, que encontra sua força de expressão no estudo do controle da incidência da luz solar e nos artifícios para criar ambientes confortáveis em termos térmicos, de privacidade e de iluminação.

Becker encontra, na paleta da luz dura, o ângulo perfeito de incisão solar para fotografar a sombra desejada sobre ou através de brise- soleils e cobogós. São desenhos dentro do desenho da obra monumental criada por Oscar Niemeyer e Lúcio Costa nas construções modernistas de Brasília, sob a imensidão luminosa de 360° do Planalto Central. Contrastes e antagonismos marcantes são o foco de interesse da artista.

Capturados em um instante preciso e fugaz, os fragmentos arquitetônicos que protagonizam o trabalho de Isabel Becker foram mapeados com a contribuição da arquiteta candanga Graziella Pires. Foram locais cuidadosamente escolhidos de maneira a transmitir o máximo da força e dos conceitos da arquitetura da capital federal.

Os brise-soleils (de Le Corbusier) e os cobogós (criação multicultural do português COimbra, do alemão BOeckmann e do brasileiro GÓis) resultam no grafismo chiaroscuro que Isabel capta com sensibilidade e apuro técnico para compor mosaicos com inspiração nos azulejos de Athos Bulcão, decompondo e recompondo a realidade em imagens geométricas, com planos fantásticos e profundidade hipnótica.

Christiane Laclau

“As fotografias de Isabel Becker são fruto de um extenso e intenso garimpo nas fachadas de Brasília. Recortes de elementos icônicos da arquitetura que ela captura e reúne para mostrá-los em composições únicas e ressignificadas pelo seu olhar. Fragmentos de história e memória que, repetidos, montados e espelhados em composições caleidoscópicas, inserem sua produção no campo da Op-Art.”

Martha Pagy

"Trabalho com a luz e a sombra como aliadas e exploro particularidades dos cobogós e de brise-soleils, meus protagonistas neste projeto, revelando novas perspectivas através do antagonismo. Sem esse contraste nada seria possível. Inspirada nos azulejos de Athos Bulcão, crio minha própria padronagem. Luz na Sombra fala de percepção, de transformação, da nossa sombra, do nosso lado obscuro transformado em luz.”

Isabel Becker




IVANI PEDROSA - A JÓIA DA COROA

"Impedida de circular livremente no período da pandemia, aprendi a bordar e comecei uma série pensando em elementos que me dessem satisfação de ser brasileira e ao mesmo tempo amenizassem as mazelas diárias. Bordar nossas riquezas e belezas naturais foi o meio encontrado de sublimação e conforto. Assim nasceu A Joia da Coroa, série que dá título à minha exposição.
Neste mesmo período, atenta aos acontecimentos do cotidiano e revisitando locais esquecidos dentro da própria casa, elaborei uma série fotográfica com objetos julgados doados ou perdidos. Ensaios com o vestido de noiva, esquecido no armário, resultaram no tríptico Intimidade Descoberta V.
Num outro percurso, apresento uma instalação de barquinhos reluzentes com rotas de fuga impressas no fundo de cada um deles, como metáfora da migração de povos ao redor do mundo, exilados de seus próprios países.
Por fim o vídeo-arte ‘BASTAAA!!!’ : o gotejar constante e sem fim da vida que se esvai num exercício de paciência levado ao limite. Minha homenagem à música Cálice de Chico Buarque e Gilberto Gil."

Ivani Pedrosa




LEONORA WEISSMANN - Folhas e Ossos – Fósseis

“Pinturas de paisagens estratificadas em forma e contra-forma que, como pseudofósseis, são folhagens e ossadas inventadas. Assim defino esta Série. Cada estrutura aponta para silhuetas de plantas ou/e para silhuetas de ossos, entrelaçadas.
O olhar não consegue compreender as duas ao mesmo tempo, oscilando entre forma e contra-forma.
A pintura acontece em camadas, estratos, como os solos e as peles. Em veladuras que velam e fazem ver somando as cores ou em sobreposições que constroem contrastes e vedam. Esse jogo e sua consciência fazem parte do pensamento pictórico.
As composições de folhas e ossos são improvisações feitas sobre o suporte sem o desenho como prévia para a pintura e surgem basicamente através de um estudo rítmico da cor, da forma e da contra-forma ritmadas.
Além desses elementos estruturais, as folhas e os ossos, também são visíveis estilhaçamentos. Cacos de cores, pedaços de continentes inventados, a se afastarem lentamente em um mapa.
Uma primeira parte ou continente que a partir de uma fissura se rompe gerando um canal, um afluente de cor.
As pinturas surgem sobre telas, sobre cubos, sobre placas que compõem um mobile. Algumas são colagens de recortes de papéis.”

Leonora Weissmann





Foto: Simone Kontraluz


Temos o prazer de apresentar a individual
RITMOS, de René Machado - artista convidado

Oferecer uma programação diversificada, que inclua realizadores de diferentes linguagens, técnicas e abordagens das questões do mundo contemporâneo, estimulando a reflexão em torno da arte, é o eixo curatorial sobre o qual se desenvolvem os trabalhos da nossa galeria. Abrir espaço para artistas convidados potencializa e enriquece esta reflexão. O convite ao René Machado, para uma parceria que se iniciou na ArtSampa22 e que prossegue com a individual RITMOS, se insere neste contexto.
Selecionamos 15 pinturas inéditas, produzidas exclusivamente para a individual, que compõem uma narrativa vibrante em torno da cor e do movimento. Já na escolha do título o artista revela a origem do processo de produção dos trabalhos e, ao mesmo tempo, oferece ao espectador a possibilidade de uma imersão em seu universo criativo. RITMOS que falam da batida do coração, das pinceladas largas e generosas, da mistura vertiginosa das cores, do tempo, do fluxo das marés, da música, da dança.
Em sua maioria os trabalhos são feitos com técnica mista e revelam camadas do processo de concepção e feitura. Desde o suporte com telas, lonas, madeira, aos materiais pictóricos com tinta acrílica, spray, lápis, impressão serigráfica e costuras.
Um elemento novo surge neste conjunto de trabalhos recentes e se repete em diferentes situações: a imagem de uma mulher capturada numa situação cotidiana, que aparece ora como detalhe ora como ponto central da obra. Como uma janela que se abre no imaginário e na memória do artista, enfatizando a opção pela transversalidade em sua poética visual.
Martha Pagy

Período: 13 de abril a 28 de maio de 2022
Visitas sob agendamento
E-mail: marthapagy.escritoriodearte@gmail.com
whatsapp: 21 98141-3234

Sobre o artista: René Machado, 1969 - Vive e trabalha no Rio de Janeiro

Formado pela Escola de Artes Visuais do Rio de Janeiro, tem na pintura seu foco principal de pesquisa e atuação, mas também desenvolve trabalhos nos campos do desenho, fotografia, instalações e vídeo-instalação. Sua obra se insere em uma linhagem de artistas que buscam vasculhar as possibilidades da pintura depois dos estrondos técnicos, visuais e conceituais causados pela Pop Art ou, ainda, pelas pinturas tragicômicas dos neo-expressionistas dos anos 1980. Em seu ateliê na Casa Arlette, no Rio de Janeiro, durante suas intensas semanas de trabalho, vasculha suas próprias origens profissionais como publicitário, assimilando-as à imagética variada e viva da arte urbana carioca e, mais recentemente, às possibilidades artísticas que circundam a ideia de “pintura abstrata” na atualidade. René realiza exposições desde 2009, tendo suas obras percorrido diversos países e instituições de arte no Brasil, EUA, Itália, Espanha e França. Participou da ArtSampa 22 - SP, no estande de Martha Pagy Escritório de Arte.










Martha Pagy Escritório de Arte fez a sua estreia na ARTSAMPA, com uma instalação icônica, em grande formato, da consagrada REGINA SILVEIRA, em diálogo com a exuberância de cores da pintura expandida de JOE SEILER e RENÉ MACHADO. Apresentar pela primeira vez a associação entre os trabalhos dos três artistas e de seu pensamento e fazer artístico foi uma aposta bem sucedida da galeria Martha Pagy para a sua estreia em São Paulo.

Para a primeira edição da ArtSampa, Martha Pagy selecionou três artistas - Joe Seiler, Regina Silveira e René Machado, cuja pesquisa e produção se desenvolvem no campo da pintura expandida e no uso que fazem do suporte, da matéria e de composições geométricas.

Um projeto expositivo foi criado especificamente para dar conta destas singularidades, potencializando as diferenças e construindo, a partir delas, uma narrativa aberta e não linear que estimulasse o espectador a lançar mão de suas próprias experiências práticas e subjetivas.

Da Regina Silveira apresentamos a instalação Featherdust, Série Derrapagens, composta por 12 tiras vinílicas entrelaçadas, que se espalham como marcas de pneus de um minúsculo carrinho de madeira à frente do inusitado rastro deixado para trás. Obra site-specific com medidas aproximadas de 90 cm Alt x 3 m Larg. Igualmente icônica é a obra única e rara Do Not Touch, 2010, com a impressão das mãos em sobrevidrado em placa de azulejo e a intervenção da artista em pintura.

Joe Seiler ocupou o estande com trabalhos em formatos variados, numa profusão de cores, texturas e composições geométricas de tirar o fôlego, convidando o público para uma imersão em seu universo pictórico.

René Machado levou ao extremo as possibilidades da pintura expandida em obras tridimensionais, introduzindo a luz em algumas delas e explorando a técnica mista com uso de suportes variados como a pintura, a serigrafía, o desenho e o spray.


Sobre os Artistas:


Joe Seiler, 1989 – Vive e trabalha no Rio de Janeiro

Formou-se em Artes Plásticas na Universidade de San Diego, com mestrado em artes plásticas pela Goldsmiths, Universidade de Londres.

A partir da forma de um “rabisco” e tendo como base a técnica da gravura, desenvolveu seu trabalho entre desenho, escultura e colagem.

Ao exagerar o gesto, começa a desenvolver trabalhos com caneta Bic, mesclando pintura e desenho, com a saturação total da tinta no papel. As canetas vazias servem de matéria para trabalhos esculturais.

Realizou exposições individuais e coletivas no Rio de Janeiro, San Diego e Londres, no período de 2012 a 2020. Participou da feira ArtSoul Gravuras, em 2020; da SPArte VR em 2020; da ArtRio - Feira de Arte do Rio de Janeiro em 2017, 2018, 2019, 2020 e 2021; e da ArtSampa em 2022.

Regina Silveira, 1939 - Vive e trabalha em São Paulo

Bacharel em Arte pelo Instituto de Artes do Rio Grande do Sul (1959), Mestre (1980) e Doutora em Arte (1984) pela Escola de Comunicações e Artes da USP, sua carreira docente inclui o ensino no Instituto de Artes do Rio Grande do Sul (1964 a 1969), na Universidade de Puerto Rico em Mayaguez (1964 a 1973 ), na FAAP SP (1973 a 1985) e na ECA USP, de 1974 ao presente. Desde os anos 60 realiza exposições individuais e participa de coletivas selecionadas, e sua obra está representada em inúmeras coleções públicas e privadas, no Brasil e no exterior.

René Machado, 1969 - Vive e trabalha no Rio de Janeiro

Formado pela Escola de Artes Visuais do Rio de Janeiro, tem na pintura seu foco principal na pesquisa e atuação, mas também desenvolve trabalhos nos campos do desenho, fotografia, instalações e vídeo-instalação. Sua obra se insere em uma linhagem de artistas que buscam vasculhar as possibilidades da pintura depois dos estrondos técnicos, visuais e conceituais causados pela Pop Art ou, ainda, pelas pinturas tragicômicas dos neo-expressionistas dos anos 1980. Em seu ateliê na Casa Arlette, no Rio de Janeiro, durante suas intensas semanas de trabalho, vasculha suas próprias origens profissionais como publicitário, assimilando-as à imagética variada e viva da arte urbana carioca e, mais recentemente, às possibilidades artísticas que circundam a ideia de “pintura abstrata” na atualidade. René realiza exposições desde 2009, tendo suas obras percorrido diversos países e instituições de arte no Brasil, EUA, Itália, Espanha e França.




5 artistas representados e 4 artistas convidados abrem a nossa temporada de exposições na coletiva ANTIMODA, em 13 de Janeiro.

O título da mostra por si só já revela uma ironia ao retomar uma ideia surgida nos tempos da contracultura, em que o confronto se dava contra um sistema estabelecido, e apontar para uma nova dinâmica de discussão e embates em torno de questões plurais que buscam representar um universo em constante expansão e mutação.

As obras foram selecionadas de modo a compor pequenos ensaios da produção individual dos participantes e, ao mesmo tempo, construir uma narrativa rica e diversificada da cena artística contemporânea.

Curadoria: Pedro Pagy

De 27/01 até 26/02/2022

Agendamento por whatsapp: 21 98141-3234




JÁ É SETEMBRO?

A pergunta sobre a passagem do tempo tornou-se constante no cenário de pandemia, de distanciamento social e de mudança de hábitos. Ora nos surpreendemos com a velocidade com que se sucedem os dias, ora nos sentimos personagens aprisionados pela realidade que parece se repetir indefinidamente.

A perplexidade é a tônica do novo normal. A todo momento nos deparamos com situações inusitadas, desconcertantes que nos causam espanto e que nos obrigam a mudanças súbitas e quase sempre desconfortáveis.

E é exatamente esta a questão proposta pela Coletiva _ Já é Setembro?

Reunindo 11 artistas representados pela galeria, a exposição apresenta obras que, com técnica e linguagem distintas, compõem uma metáfora ao mesmo tempo contemporânea e atemporal da realidade.
Questões como tempo, memória e deslocamentos estão presentes nas pinturas-colagens de André Felipe Cardoso, artista que acaba de se integrar à galeria; no Brasil-bordado de Ivani Pedrosa; nos personagens infantis e oníricos das pinturas e objetos de Leonora Weissmann.
Códigos e referências da Arte surgem nos trabalhos de Laura Erber e Joe Seiler.
O corpo e o universo feminino estão representados na caixa-objeto de Anna Bella Geiger e na pintura de Maria Flexa. A simbiose da paisagem urbana e da natureza é o elemento principal da pintura sobre papel de Marcio Swk. A representação irônica do cotidiano se revela na pintura de Gpeto e na fotografia de Isabel Becker. Por fim, as pegadas de animais e o enxame de insetos da artista Regina Silveira que mantêm viva a ameaça de tempos imemoriais.

Apreender o real por intermédio da Arte é uma opção diante da perplexidade.

Martha Pagy




Na edição de 2021 da ArtRio Presencial, Martha Pagy apresenta os artistas Gpeto e Maria Flexa, da novíssima geração e recém-lançados pela galeria, que levantam em sua produção questões ligadas à cena contemporânea conturbada e, ao mesmo tempo, rica e desafiadora. E Joe Seiler, cujo trabalho tem desfrutado de crescente aceitação pelo mercado, e que revela notório amadurecimento de sua produção em termos de pesquisa, processo e potência.

Gpeto, 1999, apresenta um conjunto de pinturas da Série Limbo, aqui descrita pelo artista:
"A arte sempre tem um tom auto-representativo. Assim, venho percebendo cada vez mais que, ao pintar pessoas conhecidas, torna-se mais fácil imprimir certa energia ao trabalho.
Esta série de pinturas começou a partir de fotos que tirei de amigos: costumava sair de casa sempre com uma câmera analógica. Minha escolha em retratar uma ambiência jovem se dá a partir da vontade de trazer uma irreverência irônica, que nem sempre está presente mas pode fazer sentido no momento.
Quando penso em óleo sobre tela me vem algo muito acadêmico à cabeça. Nesta série de pinturas, o vermelho, sobreposto aos retratos em tons de cinza, traz um contraste com a primeira camada sem muita matéria. É um ato de tornar efêmera a primeira imagem, utilizando-a como plano de fundo para um novo desenho."

Joe Seiler, 1989, apresenta trabalhos em formatos variados que introduzem a geometria na composição cromática, ampliando a percepção da massa de cores sobre o papel de aquarela.
"Esses trabalhos não constituem uma nova série, mas sim uma continuação do que já venho explorando com a paleta fechada de canetas bic e a mistura das cores. Com os Geométricos, retomo as composições que fiz há um tempo atrás, incorporando essa interação da mistura das coisas. Sendo honesto, com minha experiência de quem se “formou artista” (e por isso saudavelmente cínico em relação a certas demandas acadêmicas), não tenho a pretensão de escrever o que faço de maneira quase indecifrável e obscura. Crio esses trabalhos com referência na arte moderna, mas, de certa maneira, desconstruindo a aura de gênio que muitos dão aos artistas, tampouco quero ser visto como tal. Gostaria de tirar artistas e arte desse pedestal. Usando o método de ‘rabiscar’ (com certa persistência) e empregando materiais acessíveis, sigo desenvolvendo esses trabalhos. Uma maneira de ocupar o tempo, ou uma forma de meditação? Prefiro deixar a questão aberta do que forjar uma leitura fixa e possivelmente desonesta.”

Maria Flexa, 1996, apresenta um precioso conjunto de pinturas de linha: bordados que revelam a essência do trabalho da artista em sua abordagem do universo feminino.
"No ato de bordar, existem coisas concretas. A linha mergulha e irrompe da trama, num movimento de laçar infinito. Uma amarração. Nessa costura arremato cenas, contorno ideias, repuxo memórias do dia e estas ficam marcadas nos panos. Manifesto uma reta fluida no tecido e, ao observar essa nova composição, decido o próximo mergulho. É um movimento de diálogo, ou até, de flerte. Assisto ao percurso da linha e aguardo a correspondência ou não com a minha proposta de narrativa.
Reconheço na massa pictórica um lugar que visitei, um movimento que faço, uma parte do corpo. Muitas vezes a forma se apresenta com muito mistério, e o trabalho continua a gerar faíscas enquanto escuto suas falas da parede. Até um dia em que identifico o que criei, só depois de ter vivido muitas outras coisas, pois às vezes o que faço não aconteceu ainda. Nessa hora a pintura de linha se finda, com o último nó no verso eu decifro a mensagem escondida de mim para mim mesma."




Novos talentos chegam à SP-Arte 2021: lançamento de artistas com linguagens, técnicas e suportes variados Joe Seiler, Leonora Weissmann, Marcio Swk, Gpeto, Maria Flexa, Ivani Pedrosa

Para a sua primeira participação na SP-Arte, Martha Pagy Escritório de Arte selecionou um pequeno grupo de artistas capazes de revelar a força de jovens talentos, alguns iniciantes e outros já com trajetórias em curso e inseridas no mercado; e uma artista com carreira consolidada, que alia a experiência ao frescor dos embates construtivos que resultam do constante processo de pesquisa.

JOE SEILER, LEONORA WEISSMANN e MARCIO SWK encabeçam o grupo de artistas representados pela galeria, que estão em franca ascenção no mercado da arte tanto do ponto de vista da crescente aceitação de seus trabalhos quanto pelo amadurecimento de sua produção em termos de pesquisa, processo e potência. Com técnicas e suportes diversos, atuam no campo do desenho e da pintura.

GPETO e MARIA FLEXA são jovens artistas recém-lançados pela galeria, cujos trabalhos abordam e aprofundam de forma sensível e inventiva questões da contemporaneidade.

GPETO nos fala: "Os trabalhos aqui expostos fazem do absurdo o princípio para a criação de um senso extremamente lúcido de realidade. Pretendo criar um universo artístico onde o contrassenso de hábitos e crenças retrógradas seja material para outras interpretações de mundo, que as neguem. A tecnologia nos provê uma miríade de imagens, em contextos nos quais a pressa dá lugar à apreciação meramente estética. Transpor essas imagens virtuais para a materialidade da pintura permite o deslocamento de nosso foco de observação e a restauração da calma necessária ao espanto e à reinvenção sensível e afetiva dos modos de habitar o mundo.”

De MARIA FLEXA, igualmente jovem, Martha Pagy apresenta um conjunto de pinturas que revelam as questões levantadas em sua pesquisa em torno do inconsciente, da identidade e do corpo da mulher no contexto da sociedade.

De IVANI PEDROSA, artista com trajetória consolidada e que desenvolve a sua pesquisa explorando os limites de cada suporte seja no desenho, na pintura ou na escultura, a galeria apresenta obras da Série Pintura-Escultura em que a artista vai ao extremo no confronto entre o papel, a tinta e a forma.

"Sensoriar a cena artística em busca de novos talentos e atuar como uma plataforma de lançamento da sua produção são propostas que integram a missão de nossa galeria e a elas nos dedicamos com entusiasmo”, afirmam Martha e Pedro, sócios-diretores da galeria.

https://www.sp-arte.com/galerias/martha-pagy-escritorio-de-arte/

CONTATO: Martha Pagy

AS OBRAS ESTÃO EM EXIBIÇÃO NA GALERIA E PODEM SER VISTAS POR AGENDAMENTO PELO WHATSAPP: 21 981413234: e E-MAIL: marthapagy.escritoriodearte@gmail













Temos o prazer de anunciar a nossa participação na feira online ARTSOUL Gravuras 2020, com uma seleção de gravuras e seus desdobramentos em técnicas e suportes variados.

De Anna Bella Geiger selecionamos um conjunto de 7 obras icônicas em sua produção, com destaque para as Séries Viscerais, Burocracia, Local da Ação e Mapas em objetos-escultóricos. Obras que estão em coleções importantes em instituições no Brasil e no exterior.

De Fábia Schnoor apresentamos a gravura DIRETAS-JÁ, em que a artista se vale de imagens de época, retratando a passeata que reuniu milhares de pessoas em torno de um mesmo propósito.

Fábia faz um mergulho no registro de um momento importante da história do país - e daí extrai e produz uma imagem quase abstrata: os corpos de tão próximos formam uma massa unida em torno de um mesmo ideal, a democracia brasileira. A artista atualiza a imagem ao inseri-la no contexto da pandemia, do distanciamento e isolamento social e propõe “olharmos para esse passado para desenharmos o nosso futuro”.
A gravura foi lançada em Julho/2020 no âmbito do projeto 50 x 5, com curadoria de Gabriela Davies e idealização de Gabi Lobato, reunindo 5 artista de 5 galerias e tendo como objetivo a distribuição de cestas básicas para comunidades severamente afetadas pela pandemia.

Com Ivani Pedrosa fazemos o lançamento da obra INTIMIDADE DESCOBERTA V, 2020, um auto-ensaio poético-fotográfico com imagens do vestido de noiva da artista encontrado “nas arrumações e desapegos no início da pandemia”.
Ivani nos conta que as texturas dos variados tipos de tecido a incentivaram a desenvolver este projeto, tendo como conceito o branco sobre branco. O resultado foram variações de tonalidades do branco intenso e luminoso ao cinza escuro, que podem ser conferidos no tríptico impresso com a técnica de gravura digital.

De Joe Seiler apresentamos três xilogravuras, obras únicas em que o artista utiliza matrizes que ele próprio entalha. Em sua pesquisa e processo, Joe Seiler extrapola o procedimento clássico da impressão e reaproveita as matrizes para que a xilogravura não seja o produto final, mas a própria matéria-prima para outras possibilidades, para novos trabalhos e investigações como, por exemplo, a questão das linhas e dos encaixes. O artista nos conta que, na gravura de maior formato - 47 x 228 cm, ele usou as cores preta e vermelha, aplicando a primeira e invertendo a matriz para a aplicação da segunda. Nas duas menores, o artista se utiliza de três pequenas matrizes diferentes, com as quais foram feitas três gravuras em papel japonês, posteriormente recortadas e coladas uma sobre a outra.

De Regina Silveira, selecionamos três trabalhos em que a artista revela a sua maestria no campo da gravura expandida. São obras de referência em sua produção, presentes em coleções privadas e institucionais no Brasil e no exterior, duas delas da Série Attachments e outra da Série de impressões sobre metal. …O curador Jose Rocca fala da artista: ”Nas obras de Regina, há sempre uma tensão, um contraste entre elementos aparentemente incongruentes. Nela, coincide uma vontade racional de apreender a realidade pelos sistemas clássicos de representação e um impulso surrealista…”




Para a edição de 2020 da ArtRio Online, Martha Pagy selecionou três artistas em ascenção no mercado da arte tanto do ponto de vista da crescente aceitação de seus trabalhos pelo mercado quanto pelo amadurecimento de sua produção em termos de pesquisa, processo e potência como obra de arte: Gui Machado, Joe Seiler e Márcio Swk.
E a fotógrafa Isabel Becker, profissional reconhecida pelo trabalho no campo da arte e do comportamento, que vem desenvolvendo desde 2011 a Série Private Nest com e produzindo um conjunto surpreendente de imagens que ganham potência como arte em seu belo estranhamento visual.

Gui Machado é um artista brasileiro radicado no Brooklyn, Nova Iorque desde 2011, quando iniciou seus estudos na SVA (Escola de Artes Visuais), tendo como foco a pintura.

Suas obras são produzidas, em sua maioria, usando a própria lei da gravidade. Elas não são pinturas criadas de forma tradicional. Elas são criadas pela força de atração do planeta que puxa a tinta para baixo. O artista atua como um guia direcionando a tinta preta e branca em seu movimento na superfície. Nota-se em seu trabalho uma clara inspiração do Expressionismo Abstrato.

Nesta nova série, cujo título é RUST = FERRUGEM, Gui Machado traz o tempo como elemento determinante da estética de cada suporte.
Ao utilizar placas de metais em diferentes estados de oxidação, o artista introduz a ideia do tempo na obra. Quanto mais enferrujada é a peça, maior a sua história e mais visíveis são os vestígios da vida que o metal teve antes de se transformar em suporte para a obra de arte.
A tinta é aplicada de modo a enfatizar o formato das chapas de metal e a estabelecer o diálogo com as texturas do fundo, criando um novo campo de abstração.

"Eu me interesso muito mais pelo que o espectador vê nos trabalhos do que pela minha intenção original. A pintura abstrata tem o poder de relacionar formas com imagens de experiências impressas no cérebro de cada pessoa. Quanto mais tempo se olha para uma obra mais coisas são descobertas e uma conexão se cria entre o espectador e a tela.”

Desde 2012, Gui Machado tem participado de exposições nos EUA, Europa e Brasil e esta é a sua segunda participação na ArtRio, representado pela nossa galeria.

ISABEL BECKER é formada em Comunicação Visual e iniciou seus estudos de fotografia em Oxford, Inglaterra. Foi fotógrafa de moda e comportamento no jornal O Globo e em revistas da Editora Abril. Desde os anos 90 vem realizando exposições no Brasil e na Europa, com participação em duas coletivas em Paris, no Grand Palais, em 2012 e 2013.

As obras que selecionamos para a ArtRio são um desdobramento da Coleção Private Nest, que a artista iniciou em 2011, buscando nas casas que fotografava os vestígios e fragmentos que desvelavam a intimidades desses ninhos.

Mergulho Artsy é o título desta Série e a artista conta que teve o prazer de acompanhar por três anos essa piscina de azulejos dos anos 60, que, em diferentes estações do ano, se transformava com as folhas, flores e as variações da luz natural. Neste mergulho visual a artista foi descobrindo formas, cores e profundidade e criando um mundo de padronagens.

O resultado é um conjunto surpreendente de imagens que ganham potência como arte em seu belo estranhamento visual.

JOE SEILER: Formado em Artes Plásticas pela Universidade de San Diego, com mestrado pela Goldsmiths University, em Londres, Joe Seiler começou a trabalhar com gravura e escultura e logo passou a explorar a fisicalidade do processo. A partir da forma de um "rabisco" e tendo como base a técnica da gravura, desenvolveu seu trabalho entre desenho, escultura e colagem.

Em seu trabalho feito com caneta BIC, Joe Seiler levanta a questão que permeia a produção de seus desenhos: seriam pinturas? O gesto vigoroso e contínuo do artista, ao produzir suas obras, torna o traço quase imperceptível, criando uma massa de cores sobre o papel. Nesta nova série, que o artista chama de INTERAÇÕES, a massa de tinta se expande e se adensa. As cores originais se fundem e se transformam nesse processo. "Dando seguimento à minha exploração da cor, mostro como elas são criadas: uma linha de cada vez, caneta por caneta. Um processo que é ao mesmo tempo fruto do trabalho repetitivo e da meditação. Um diálogo envolvendo o transcendental e o mundano."

MARCIO SWK , que VIVE E TRABALHA NO RIO DE JANEIRO, é uma das referências do graffiti brasileiro dentro e fora do país. E já levou a chamada arte de rua a vários lugares do mundo desde o Líbano e Emirados Árabes a Miami na ArtBasel, passando por Amsterdam, Paris e Berlim. Além de ter participado de exposições e projetos de arte pública em vários estados do Brasil.

Marcio traz para a pintura sobre tela a pesquisa da paisagem urbana e da natureza. E nos mostra a série Confinamento Interno, Externo.

Com domínio da técnica no uso de materiais diversos da pintura e a sensibilidade de seu olhar, o artista apresenta três telas em que mescla a geometria da arquitetura das cidades a flores e vegetação de um universo que ele chama de Natureza Interna.

Para maiores informações:
MARTHA PAGY Escritório de Arte
+ 55 21 98141-3234

marthapagy.com.br

martha@marthapagy.com.br

@marthapagyescritoriodearte

https://www.youtube.com/channel/UC4-6hVC_H2hMSeS18D9-PLQ




Martha Pagy Escritório de Arte apresenta sua primeira exposição virtual, i see u, individual de Ela Menescal. O evento contará com o lançamento de trabalhos inéditos da artista na página de Instagram da galeria e, na abertura dia 28 de julho, a partir das 15h, com vídeo e transmissão da artista.

A nova produção de Ela Menescal, reunindo 25 obras, levanta questões que se tornam prioritárias para a artista neste momento de sua vida, aprofundando temas como a mudança de paradigmas e o resgate do essencial. Já no título – ‘i see u’, Ela nos propõe uma atitude que confere importância ao outro e é afirmativa na sua declaração: ‘eu vejo você’, lhe dou atenção, dedico o meu tempo a você.

A artista, que vive e trabalha no Rio de Janeiro, cresceu em um ambiente musical e artístico nos quais os seus próprios cadernos escolares eram expressivos e divertidos. Os caminhos a levaram ao Direito, na Universidade Cândido Mendes, onde aprimorou a arte de argumentar e se ilustrou com a cultura clássica. Atuou na área de Propriedade Intelectual e o Fashion Law fez a ponte entre o Direito e a Moda.

Em 2017 se tornou fashion stylist, formando-se em consultoria de imagem e estilo pela Dresscode com Juliana Lenz e certificação internacional pelo IRCNY (Image Resource Center of New York). Sinal dos tempos, foi na rede social, mais precisamente no Instagram, que seus trabalhos de colagem surgiram como forma de divulgar moda e estilo. Destas composições surgiu a arte da colagem, que se desenvolveu a galopes, em intenso ritmo criativo.

E assim desenvolve seu processo, lançando mão de personagens do mundo lúdico da infância que afloram do inconsciente e influenciam situações e experiências da vida adulta, e convidando o espectador a desvelar as camadas visuais que misturam ícones da cultura pop e imagens da memória coletiva. Em sua narrativa, a cada novo olhar sobre a obra, o prazer da descoberta se revela.

i see u, de Ela Menescal
De 28 de julho a 30 de agosto
Abertura dia 28 de julho, a partir das 15h, on-line
Martha Pagy Escritório de Arte
On-line, disponível em @marthapagyescritoriodearte




ISABEL BECKER

Isabel Becker nos mostra 19 obras da Série PRIVATE NEST, iniciada em 2011, e nos envolve em uma narrativa na qual os protagonistas são objetos agigantados e deslocados pelo olhar original da artista.

“Adentro o ninho com atenção aguçada, foco fragmentos, capturando em cada cena uma história oculta”, afirma Isabel.

As cores têm uma função relevante em sua obra. Sua força confere às imagens ares abstratos, dissolvendo a forma funcional dos objetos.

O resultado é um conjunto surpreendente de imagens que ganham potência como arte em seu belo estranhamento visual.




LICA CECATO_REFLEXOS E REFLEXÕES

LICA CECATO exibe pinturas e fotografias na individual REFLEXOS e REFLEXÕES, com imagens, técnicas e materiais que traçam mapas geográficos-afetivos em sua produção.

Nas pinturas Lica utiliza um papel do Nepal com técnica e pigmentos japoneses:
“Quanto à minha relação pessoal com um papel feito à mão há 50 anos, no alto de uma montanha nepalesa, posso dizer que, apesar de ter pintado e desenhado sobre eles, me sinto como uma observadora, à escuta do que esses papéis têm a me dizer, como se fosse minha missão a de lê-los, escrevê-los, decifrá-los. Usei a técnica de impressão em seda de quimonos, os Katagamis, do início do século passado, que encontrei na antiga cidade de Kyoto, num antiquário.”

As fotografias são de Veneza e surgem de uma questão levantada pela artista: “Será que Veneza foi planejada para ser múltiplas cidades em uma, que muda conforme a luz? As imagens, muitas vezes abstratas, que se formam nos canais, me atraem, me chamam, me fazem querer entrar por portas e janelas imaginárias, mergulhar num reflexo ou espelho (…) e me encontrar em outra dimensão.”




LUCIO SALVATORE_COMBUSTIONI

Cada obra da Série COMBUSTIONI é o resultado de uma performance em que LUCIO SALVATORE literalmente queima elementos da tradição da pintura _ pigmentos, óleos, mas também ferramentas como pincéis e pranchas; e fotografa em modo analógico a realidade do processo que, na impressão, ganha características pictóricas.

”Tinta torna-se paisagem não sendo paisagem, água não sendo água, pedra não sendo pedra e o ilusionismo pictórico é devolvido como uma fotografia da realidade. Diferentemente de pinturas tradicionais, as Combustões não são reproduções de situações, mas são as próprias situações que remetem à pintura e a sua trans-elementaridade”. (Fernando Cocchiarale)

“Queria criar um lugar que ficasse às margens entre pintura, arte conceitual e fotografia analógica, na época em que estava desaparecendo. Queria criar corpos espirituais, em cada obra um ritual de passagem, o momento em que a matéria em transe é algo que ainda não é…”




MARTHA PAGY Escritório de Arte apresenta quatro individuais com obras em diversos suportes.

Regina Silveira, em ARAPUCAS, mostra um conjunto de obras icônicas de sua trajetória, com destaque para o seu repertório de silhuetas, pragas, pegadas e finalmente as mãos que, nas palavras da artista, “…têm diferentes gestualidades para abordar significados variados, muitos deles referidos à própria arte. Quase sempre se trata da minha própria mão, em registros diversos, (…) totalmente fora de escala (…) um gap na percepção - o que está fora da escala? As imagens ou os espectadores?”

Tinko Czetwertynski, novo artista representado e em sua primeira individual no Rio, apresenta fotografias de folhagens tropicais exuberantes em tons de violeta.

O título desta série, 64T, vem do nome do filme analógico usado para fotografar. Sendo à base de tungstênio e já vencido, o processo químico de deterioração confere ao filme uma cor azul peculiar, com tons de violeta, 'a cor do divino.’ As plantas, que são o objeto desta série, possuem um ciclo próprio de deterioração, tal como a química do filme. Juntos, o filme e as plantas fazem-nos lembrar do ciclo da vida e de sua beleza e falam da passagem do tempo e de suas marcas.

Allan Sieber e Ela Menescal, transitam, cada um à sua maneira, pelo universo da charge, dos quadrinhos e humor.

Allan Sieber, com uma longa e reconhecida trajetória como artista plástico, cartunista e roteirista, nos apresenta O ARTISTA NÃO ESTÁ PRESENTE, com pintura, desenhos e serigrafias.

Ela Menescal, advogada de formação, e a mais nova artista representada que temos o prazer de lançar em sua primeira exposição, nos traz a bela série DAYDREAMING, cujas composições visuais mesclam personagens, letras de música e muitas cores.

PERÍODO DE EXIBIÇÃO: 27.11.19 até 20.02.20

Visitas por agendamento
Martha Pagy
+55 21 98141-3234
martha@marthapagy.com.br




Anna Bella Geiger (Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1933). Escultora, pintora, gravadora, desenhista, artista intermídia e professora. Com formação em língua e literatura anglo-germânicas, inicia, na década de 1950, seus estudos artísticos no ateliê de Fayga Ostrower (1920-2001). Em 1954, vive em Nova York, onde frequenta as aulas de história da arte com Hannah Levy no The Metropolitan Museum of Art (MET) [Museu Metropolitano de Arte] e, como ouvinte, cursos na New York University. Retorna ao Brasil no ano seguinte. Entre 1960 e 1965, participa do ateliê de gravura em metal do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM/RJ), onde passa a lecionar três anos mais tarde. Em 1969, novamente em Nova York, ministra aulas na Columbia University. Volta ao Rio de Janeiro em 1970. Em 1982, recebe bolsa da John Simon Guggenheim Memorial Foundation, em Nova York. Nos anos 1970, sua produção tem caráter experimental: fotomontagem, fotogravura, xerox, vídeo e Super-8. Dedica-se também à pintura desde a década de 1980. A partir da década de 1990, emprega novos materiais e produz formas cartográficas vazadas em metal, dentro de caixas de ferro ou gavetas, preenchidas por encáustica. Suas obras situam-se no limite entre pintura, objeto e gravura.




"Os mecanismos sutis que desencadeiam a estética sem compromissos de Ana Dantas nada mais são que movimentos de um ser montando os domínios de um universo próprio em permanente tensão com o resto do mundo. Ana tematiza essa tensão com obras fotográficas em que seu corpo atravessa a barreira da representação e simula um salto invertido em direção ao real, e objetos concretos dialogam com a imagem, produzindo novas possibilidades. Fios que se desfiam, molduras encadeadas em abismo umas dentro das outras...que se deslocam como que atraídas pelos limites do quadro. Inúmeras variações onde fotografia, objeto e instalação se trocam os papéis em jogos paradoxais e muito delicados." Artur Omar




A expansão da pintura e da fotografia é a questão proposta pela exposição que Martha Pagy apresenta na ArtRio 2019, reunindo 4 artistas com olhares, procedência, conceitos e planos distintos, incluindo o da tridimensionalidade.

Sobre Ana Dantas, brasileira radicada em New York, nos fala o artista e curador Artur Omar: “Os mecanismos sutis que desencadeiam a estética sem compromissos de Ana Dantas nada mais são que movimentos de um ser montando os domínios de um universo próprio em permanente tensão com o resto do mundo. Ana tematiza essa tensão com obras fotográficas em que seu corpo atravessa a barreira da representação e simula um salto invertido em direção ao real, e objetos concretos dialogam com a imagem, produzindo novas possibilidades. Fios que se desfiam, molduras encadeadas em abismo umas dentro das outras...que se deslocam como que atraídas pelos limites do quadro. Inúmeras variações onde fotografia, objeto e instalação se trocam os papéis em jogos paradoxais e muito delicados.”

Gui Machado, novo artista representado e aposta da galeria como lançamento em 2019, extrai do uso de elementos tradicionais - a tinta sobre tela - resultados que vão além do campo pictórico habitual.
A pintura de Gui Machado - carioca que foi estudar na New York School of Visual Arts em 2011 e, desde então, vive e trabalha no Brooklyn - trata de processo. Ele não está interessado em criar uma pintura no sentido tradicional. O ato de pintar é, antes de tudo, uma performance. À distância, vê-se uma imagem. De perto, detalhes são revelados e outras imagens se formam e se conectam à memória e subjetividade do espectador.

Joe Seiler levanta a questão que permeia a produção de desenhos feitos com caneta BIC: seriam pinturas? O gesto vigoroso e contínuo do artista, ao produzir suas obras, torna o traço quase imperceptível, criando uma massa de cores sobre o papel. Formado em Artes Plásticas pela Universidade de San Diego, com mestrado pela Goldsmiths, em Londres, Joe Seiler começou a trabalhar com gravura e escultura e logo passou a explorar a fisicalidade do processo. A partir da forma de um "rabisco" e tendo como base a técnica da gravura, desenvolve seu trabalho entre desenho, escultura e colagem.

Lucio Salvatore apresenta a série Quadrado Preto, que se origina de uma homenagem a Kazimir Malevich. No centenário do artista em 2014/2015, Salvatore pintou um quadrado preto nas paredes de uma pedreira e, posteriormente, extraiu esta pintura da parede com uma escavadeira. O processo reduziu o Quadrado Preto a centenas de fragmentos de rocha, cada um carregando marcas pretas da pintura. Em seguida, Salvatore costurou esses fragmentos sobre uma tela impressa, por frottage, com a forma da rocha, e o resultado é uma combinação de performance, processos, pintura e escultura.




Fábia Schnoor utiliza o nanquim sobre entretela para criar paisagens abstratas que se relacionam com a palavra, com a escrita e com a ação do fazer do trabalho e do lugar criado como registro de uma memória. No texto "Potência do Desenho', o curador Paulo Sergio Duarte fala do trabalho da artista: "Todos sabem que a força autônoma do desenho é moderna. Antes o desenho era visto como forma auxiliar e preparatória para a pintura ou para estudos, sem o mesmo estatuto da tela a óleo, de um mural ou afresco, de uma escultura ou mesmo de uma gravura. A arte moderna e o mundo contemporâneo elevaram o desenho ao mesmo patamar de qualquer outro gênero da arte e transformaram em ato sua potência, antes subestimada.

Os desenhos de Fábia Schnoor são a demonstração dessa potência que passa ao ato e, notem bem, sem o apelo fácil, tão em moda, às imagens banalizadas no cotidiano da sociedade de consumo. O uso do nanquim sobre papel é outro elemento da tradição que os desenhos de Fábia trazem para o presente numa linguagem atual. E o suporte aqui não é neutro; como em boa parte da inteligente arte contemporânea, é protagonista, junto com a tinta, e participa ativamente na constituição dos trabalhos. Tanto naqueles desenhos em que o papel, cuja textura na sua massa é constituída de fios têxteis, vai absorver e trabalhar a tinta expandindo-a na superfície além do gesto da artista, como naqueles duplos, cujo suporte transparente permite que tenhamos, na sobreposição, uma obra que produz seu próprio fantasma. Sem estardalhaço, estamos diante da potência do desenho em toda sua força contemporânea"

Fábia mostra também a Série Vibradores: para falar e ouvir, com objetos escultóricos feitos com cerâmica e desenhos em pequeno formato em nanquim.




Já no título da mostra Joe Seiler levanta a questão que permeia a produção de desenhos feitos com caneta BIC: seriam pinturas? O gesto vigoroso e contínuo do artista, ao produzir suas obras, torna o traço quase imperceptível, criando uma massa de cores sobre o papel. Nesta nova série o artista inclui em algumas das caixas de acrílico as canetas usadas na obra - paleta de cores e quantidade de canetas mostram parte do processo de trabalho. "Dando seguimento à minha exploração da cor, mostro como elas são criadas: uma linha de cada vez, caneta por caneta. Um processo que é ao mesmo tempo fruto do trabalho repetitivo e da meditação. Um diálogo envolvendo o transcendental e o mundano."

Formado em Artes Plásticas pela Universidade de San Diego, com mestrado pela Goldsmiths, em Londres, Joe Seiler começou a trabalhar com gravura e escultura e logo passou a explorar a fisicalidade do processo. A partir da forma de um "rabisco" e tendo como base a técnica da gravura, desenvolveu seu trabalho entre desenho, escultura e colagem. Com a escultura, o "rabisco" passa a ocupar um espaço tridimensional, e o retorno ao desenho rebate essas infinitas formas de ilusão em duas dimensões. A gravura então se torna não um fim, mas parte de um processo criativo para suas colagens.

Na exposição, o artista mostra gravuras, desenhos e escultura.




URBANO DIVÃ, mostra a produção mais recente de pinturas de Nitcho, artista que se debruça sobre a paisagem urbana a partir dos estudos do não-lugar e da heterotopia: o Espaço do Outro no conceito criado por Michel Foucault para falar de lugares reais que estão fora dos lugares ‘aceitos’. Nestes espaços estão contidos os conflitos, as tensões, o contraditório. Lugares dentro de outros lugares, que se tornam perturbadores para o que está fora. A produção de Nitcho reúne elementos e características desse Espaço do Outro, em que protagonistas e coadjuvantes desempenham seus papeis em uma profusão criativa constante.




Em VIAGEM À ITÁLIA, COM GOETHE, NIETZSCHE e SCHOPENHAUER, Paulo Gouvêa Vieira dá sequência à sua pesquisa em torno da água e seus reflexos da paisagem urbana e da natureza, desta vez guiado pelos autores citados no título da mostra, em suas respectivas viagens poético-filosóficas.Como num diário de bordo, Paulo fala de sua experiência tendo Goethe, Nietzsche e Schopenhauer como companheiros de viagem: "Tinha eu o mesmo objetivo de Goethe em 1786: chegar a Roma, ver de perto as obras de arte que durante uma vida estiveram sempre presentes na imaginação. Saí de Amsterdam com este objetivo. Pelo caminho, passei por outras cidades - Siena, Florença, Tirano. Uma vez em Roma, concentrei minha lente nas fontanas, observando e registrando as cores e formas nos reflexos das águas, "tanto no mundo como na metafísica do belo”, como disse Schopenhauer. Também o fiz à noite, como o fez Goethe, enaltecendo a importância do anoitecer em uma cidade. À noite, o silêncio fez surgir o som da água e, com ele, a inspiração para Nietzsche compor a letra da música Canto Noturno que ele incluiu no seu livro Assim falou Zarathustra. As formas que aparecem na água se dão pelo vento. Por ser invisível, o vento não é percebido. Para Goethe, a alma do homem é como água e o seu destino é como o vento."




Gui Machado, novo artista representado pela galeria e que nos mostra pinturas inéditas da série Acaso Planejado, fala de seu processo e de uma clara inspiração do Expressionismo Abstrato nas pinturas que foram feitas em seu estúdio, em Nova York:
"Eu me interesso muito mais pelo que o espectador vê nos trabalhos do que pela minha intenção original. A pintura abstrata tem o poder de relacionar formas com imagens de experiências impressas no cérebro de cada pessoa. Quanto mais tempo se olha para uma obra mais coisas são descobertas e uma conexão se cria entre o espectador e a tela.”
Gui usa como epígrafe a definição da lei da gravidade:
“A gravidade é uma das quatro forças fundamentais da natureza. A clássica lei da gravitação universal de Newton postula que a força da gravidade é diretamente proporcional às massas dos corpos em interação e inversamente proporcional ao quadrado da distância entre eles. Esta descrição oferece uma aproximação precisa para a maioria das situações físicas, entre as quais os cálculos de trajetória espacial.”
E prossegue:
"Estas não são pinturas criadas de forma tradicional. Elas são criadas pela força de atração do planeta que puxa a tinta para baixo." O artista atua como um guia direcionando como a tinta preta e branca se movem na superfície.

Ainda sobre ele nos fala o poeta Jorge Salomão:
"O nome da sua exposição reflete a sua experiência como artista plástico. Seu jeito de criar, seus exercícios no campo das movimentações pictóricas, ou seja a descoberta enquanto vai criando de universos vários, variados e amplos. Seu trabalho é mágico - ‘é um antídoto para o vazio da existência’ - como falava a escritora Gertrude Stein.
Bonito de se ver, e, na contemplação de seus trabalhos, rola uma múltipla variedade de sentidos, mexe com a gente, com o aparato da normalidade que somente os artistas conseguem!!!"

VÍDEO PROCESSO CRIATIVO




Ivani Pedrosa, apresenta a série Rumo Incerto, com objetos escultóricos que abordam questões atuais como representatividade, imigração e rumos a serem seguidos na busca por mudanças profundas do ‘estar no mundo’.
Produzidos com materiais frágeis como tecido de gaze e bordados de linha, estes objetos compõem um universo de investigação assim definido pela artista:
"Com o olhar atento aos acontecimentos do cotidiano, sendo estes o combustível para o pensamento e realização das obras, comecei a elaborar este projeto no final de 2017, no calor do momento político que o Brasil e o mundo passavam e continuam passando.
Se o rumo era e é incerto e com várias opções de caminhos numa época globalizada e à deriva, a incerteza soa como uma possível abertura para mudanças. A procura por brechas para alcançar/conquistar novos espaços de convivência, de representatividade, de fronteiras ultrapassadas ou violadas são tópicos que foram observados, como também uma vivência pessoal dramática que transforma repentinamente nosso modo de viver.
O intervalo entre o incerto e a possibilidade de mudanças foram as forças que impulsionaram o pensamento para elaboração das obras."




LUCIO SALVATORE | LINEE

Martha Pagy abre a temporada 2019 com a individual de Lucio Salvatore LINEE, exibindo mais de 20 trabalhos inéditos, concebidos a partir de 2013 e realizados, em sua maioria, com tinta óleo sobre mármore.

Prosseguindo com sua investigação em torno da natureza do objeto de arte e seus significados, em LINEE Salvatore reflete sobre a relação entre signo e autoria, sobre os significados arquetípicos das formas geométricas e a mutabilidade desses significados no tempo.

‘Entre uma estética arqueológica e uma arqueologia estética’, como o artista declara, Salvatore cria conversas abertas entre o mundo das ideias Platônicas e o quadrado de Malevich, costura as linhas de Euclides, Lygia Clark e Manzoni, transforma os Metaesquemas de Oiticica em pinturas rupestres ou quase pinturas que se tornam quase fósseis. Esta atitude profana os santos que homenageia e lança a questão: ‘afinal quem é o dono do quadrado?' A perspectiva temporal de Salvatore relativiza ‘o que está perto e o que está longe’, reconfigura uma visão linear da história e se afasta do imediatismo da atual historiografia, que predica o novo para torná-lo obsoleto.

Em suas palavras, Salvatore “…busca o sentido da inatualidade, foge do universo das certezas e dos likes, transforma 30.000 anos em um segundo, não se preocupa com a mística da originalidade, com os ídolos, com as narrativas dos vencedores e dos que querem subvertê-las. Salvatore pensa "a miscigenação originária que deixou em cada um de nós um pouco de tudo, e como nesse pouco reside uma riqueza que nunca se esgota porque é de todos"




Natureza Interna

Se há um consenso sobre a Arte é a relação simbiótica entre o artista e seu desejo de expressão. Existir, para quem dialoga com a vida através da produção artística, é registrar uma visão de mundo particularizada pela trajetória individual.

A exposição que o artista plástico Marcio SWK nos apresenta aqui - fruto de uma evolução de estilo apresentada pela primeira vez ao público, reflete aquele denominador comum ao mundo das Artes.

Grafiteiro renomado, com pleno domínio e maturidade do wild style (denominação de uma habilidade de grafitti focado na reconstrução própria das letras do alfabeto vocabular), SWK apresenta-nos uma mostra de seu universo íntimo e interior, atualizando-nos com o momento de sua própria vida. “Cria” do Morro dos Prazeres, favela incrustrada nos limites da Floresta da Tijuca, este artista em sua exposição “ NATUREZA INTERNA” apresenta a beleza e intensidade de afetos misturados: uma manifestação que já fugira à definição de street art (avançando para abstrações pictóricas variadas); o aprofundamento da relação com seu pai e a herança paterna pelo gosto especial do cultivo de plantas - agora compartilhado entre ambos com igual paixão.

Arte sempre será a quebra de limites e definições e esta invasão do desejo de Marcio SWK numa área que seria definida primariamente pela botânica e pelo paisagismo não poderia estar fora da expressão na dimensão da Arte, finalidade existencial daquele artista. O suporte de sua produção estética já era conhecido pelo público para além do registro pictórico em paredes e muros: assim, a produção em telas, se já não é mais novidade em seu universo artístico, agora incorpora novas paixões, num conjunto de elementos que serão facilmente reconhecíveis pelo público: sementes, flores e frutos, variedades de cores e texturas mostram não apenas o ciclo de vida da Natureza (tema de grande valor e presença na História da Arte) mas desnudam o interesse e as descobertas de um ser humano em constante evolução. O Meio Ambiente retratado nas telas dessa exposição não é apenas o do universo natural, mas aquele do rico ecossistema da personalidade humana, em constante mutação. Assim como os ciclos da Natureza e da Vida, a produção desse artista nos envolve numa floresta de sensações. Uma pena que os cheiros da Natureza não possam estar presentes em suas telas, mas toda a vitalidade e pulsação de flores e plantas estão ali abstratamente presentes para dividir conosco o deleite de um momento de vida solar e orgânico.

Charles Siqueira, Artista e Gestor Ambiental.




MARTHA PAGY Escritório de Arte apresenta

EURI BEZERRA _ Mar Abstrato

JOE SEILER _ O Papel do Branco

MANON _ Radiografias do Invisível: das plantas viemos, às plantas voltaremos


Desenho, fotografia e pintura são as linguagens em destaque nas individuais que Martha Pagy apresenta a partir de 26 de Outubro, reunindo uma seleção de obras inéditas de três artistas.

Euri Bezerra exibe um conjunto de trabalhos da série MAR ABERTO, fotografias em que azuis e verdes se fundem em massas cromáticas e atraem o olhar do espectador para o volume d’água transformado em camadas pictóricas. Para o artista, “…Mar Abstrato é uma série para se perder na imensidão. Belo, selvagem, calmo, sombrio, sempre misterioso. As fotografias de longa exposição eternizam os sentidos.”

Em seu processo de trabalho, Euri utiliza a fotografia como instrumento de transformação social e vem realizando projetos em torno da Infância, Adoção, Velhice, entre outros, com exposições e seminários que têm a participação de especialistas nos respectivos temas. Atualmente mostra na Cidade das Artes/RJ o ensaio fotográfico Retratos, acompanhado de um ciclo de palestras em torno do Preconceito.

Joe Seiler, carioca que acaba de concluir mestrado em Artes Plásticas na Goldsmiths em Londres, mostra a nova série O PAPEL DO BRANCO, introduzindo o espaço em branco no desenho com linhas, riscos e traços feitos com caneta esferográfica, como pinceladas. O artista entende o branco como uma revelação, um espaço de reflexão, o espaço vazio. Uma maneira de interromper a compulsão de cobrir de tinta toda a superfície do papel. “…pode parecer que usei a tinta para pintar o branco, mas na verdade deixo à vista o que ficou por baixo…” As massas de cores tornam-se independentes, ganham autonomia.

Manon apresenta RADIOGRAFIAS DO INVISÍVEL: DAS PLANTAS VIEMOS, ÀS PLANTAS VOLTAREMOS, com uma série de pinturas em que, “amparado em ampla pesquisa interdisciplinar, o artista (…) desloca o ser humano de sua ancestral centralidade, herdeira da tradição vitruviana, para o contraplano de suas telas, reconhecendo em plantas e animais a dimensão em que são também sujeitos e protagonistas do mundo. As pesquisas visuais de Manon sempre estiveram conectadas ao tema da Natureza, e beneficiaram-se de sua estreita convivência com plantas e animais, e de sua experiência com a criação de abelhas por 10 anos. Já na década de 80, Manon concebeu “Copacabana na visão de uma mosca” na histórica coletiva “Como vai você, geração 80?”. Recentemente, realizou residência artística na Mata Atlântica, com a duração de um ano, e desenvolveu o projeto “Jardim das Sinapses”, exposição cuja proposta foi apresentar o biocentrismo e a perspectiva de que a natureza nos observa; também as plantas e animais são sujeitos e possuem alma.” Ana Lucia Amado

Exposição: 26 Out a 24 Nov

Visitas por agendamento pelo e-mail marthapagy.escritoriodearte@gmail.com || 21 98141-3234
www.marthapagy.com.br




Um escultor, mil metros de alumínio laminado, pressão, muita pressão!

MARTHA PAGY inaugura a exposição CRU SOB PRESSÃO, individual do artista FRANKLIN CASSARO, com obras inéditas que têm como destaque a nova Série Cassarídeos, em alumínio. “Nesta exposição irei apresentar meus novos organismos escultóricos em puro alumínio, realizadas por um processo de laminação e fundição por compressão a frio sem a utilização de moldes e sem o desperdício de materiais, esculpindo de forma sustentável e valorizando o Ato Escultórico.” Franklin Cassaro

Assumindo o caráter de instalação da mostra, o artista ocupa os vários ambientes e salas do espaço em uma montagem nada convencional, valorizando o que denomina bio abstracionismo construtivo, com as obras-organismos ora flutuando ora surgindo em cálices e potes de vidro. Nada convencional será também a precificação das obras que serão vendidas a peso, utilizando-se, para isso, uma balança de precisão.

As visitas são por agendamento pelo e-mail marthapagy.escritoriodearte@gmail.com e telefone 21 98141-3234.




Com 30 artistas contemporâneos, em sua maioria cariocas, 29 brasileiros e uma alemã, a mostra Em cada linha um traço - Em cada fio uma trama traz uma pluralidade de trabalhos nos mais variados suportes, linguagens e mídias: pastel, gravura, vídeo, objeto, colagem, fotografia, bordado, pintura, assemblage, escultura e instalações. Todos contendo linhas ou fios. Quase sempre com artistas escolhidos por terem em sua obra uma forte presença desses elementos.

Procuro, como curadora, respeitar a independência com que os artistas tratam os conceitos da arte em sua experiência individual, e sua trajetória profissional única. Busco apoiar a sua produção por meio de uma leitura que contextualize essa obra em relação às demais ou em relação à sua própria história.

Igualmente plural é o mix de artistas, dentre eles alguns jovens iniciantes, vários já plenamente estabelecidos ​e outros em meio de carreira.

Os artistas são representados pela MARTHA PAGY Escritório de Arte, por seus próprios galeristas, pela Terra-Arte Projetos Curatoriais como artistas visitantes ou por si próprios.

O que norteia essa seleção de trabalhos é a qualidade, a pertinência, o questionamento, a seriedade da pesquisa, o humor, a beleza, a narrativa ou não, as questões e qualidades propostas pelo trabalho em si.

Que cada trabalho carregue em sua linha/linhas, o traço/s, as marcas de quem o criou e que, em cada fio, essas obras remetam a tramas de nosso imaginário ou de nossas estórias compartilhadas.

Paula Terra-Neale




Martha Pagy Escritório de Arte apresenta, a partir de 09 de Abril, as individuais A Cor da Luz, de Joe Seiler, e A Pequena Idade do Gelo, de Leonora Weissmann.

Em sua produção os dois artistas privilegiam a pintura, as superfícies pictóricas, a luz, a cor, o gesto, embora por meio de técnica e de conceitos diversos.

Joe Seiler exibe obras feitas com canetas esferográficas em diversas cores. “…Numa dinâmica incessante transfere toda a tinta da caneta para o papel até esgotá-la. Uma depois da outra. Esse depósito de tinta faz com que o papel se sature transformando suas linhas, riscos e traços em pinceladas.”(Franklin Espath Pedroso)

Em suas palavras, Joe define a nova serie: “A Cor da Luz reúne trabalhos feitos ao longo do último ano em Londres. Uma continuação da serie em Bic, uma exploração da interação das cores com referências no espectro da luz visível e no padrão de impressão CMYK. O resultado são composições abstratas com os tons kitsch das canetas.”

Leonora Weissmann fala de sua produção: “Em meu processo as imagens surgem a partir de necessidades nem sempre claras a princípio, mas logo estabeleço uma rede de conexões que formam algum eixo. A primeira pintura desse recorte, intitulado posteriormente ‘A pequena idade do gelo’, surgiu na exposição Estranho Mundo Próximo.

Trata-se de uma fase, ou momento que creio ser a pequena idade do gelo de minha própria pintura. A pintura tem os seus períodos, necessidades e, porque não, climas.

A paisagem de neve me fascina desde a infância quando via os quadros de Peter Bruegel o Velho, em especial ‘Os caçadores na neve’ e ‘Paisagem de Inverno com patinadores e armadilha para pássaros’. Naturalmente são imagens instigantes, por serem cenas de neve cheias de crianças, por possuírem uma estranheza hipnótica com seus mil detalhes e simbolismos.

Além das questões simbólicas e inconscientes que me levaram a pintar essas imagens, o branco em contraste com o preto, o recorte que a luz clara da neve gera nas composições fazem os elementos como galhos, pedras, pássaros e pessoas virarem linhas e silhuetas sobre a tela, como um desenho. A pintura torna-se mais gráfica. É fascinante.

As figuras, em sua maior parte crianças, em minha ‘pequena idade do gelo’ parecem, em algum momento, astronautas em um planeta desconhecido, explorando a paisagem, a superfície, buscando constantemente algo que não se apresenta.

Elas apontam para caminhos possíveis.

A partir das pinturas comecei a fazer intervenções nos livros e gravuras de Bruegel com grafismos que chamo de ‘folhas e ossos’. São silhuetas de folhagens inventadas que criam um jogo entre a forma e a contra-forma. Ou vêem-se as folhas ou o vazado que na verdade é a forma e remete a ossos.

Surgiram também dois objetos chamados “Jardins para Peter Bruegel the Elder” que são caixas transparentes. Uma com ampulhetas de areia branca emaranhadas e outra com bastões de carvão vegetal igualmente emaranhados.”




Martha Pagy apresenta a individual CONTROVALORI de LUCIO SALVATORE, novo artista representado, exibindo mais de 20 obras, colagens, desenhos, fotografias e objetos escultóricos, produzidos a partir de 2015/16, quando realizou a exposição-solo Arte Capital no Centro Cultural dos Correios, até 2018.

Tendo como questão principal a ideia do valor da obra arte, o italiano Salvatore sugere, de forma paródica, uma reflexão em torno das convenções e da lógica do sistema de criação e acumulação de valor na produção artística.

Em algumas obras o artista chega a reinventar a dinâmica do capital, usando os instrumentos do que ele chama de Arte Poverissima, como etiquetas de preços, novas formas de pensar contratos, documentos de leilões de arte, centavos e outros elementos que, transformados em matéria de criação pelo artista, redefinem as regras do jogo e relativizam o valor da arte.

Nas palavras de Fernando Cocchiarale, curador da individual Metaelementi do mesmo artista, atualmente em exibição no MAM-Rio, “a poética de Salvatore explora as expectativas metafísicas da matéria dentro das dinâmicas da produção industrial, tecnológica, da disputa de poder e da própria arte”.

Os Valores Ativos (2018) - da série Price Fields - são os trabalhos mais recentes realizados com etiquetas de preço e cujas composições formais prestam homenagem à obra do artista Willys de Castro, aos seus objetos ativos que, através de deslocamentos espaciais de formas geométricas e substituições de cores, estimulavam de maneira sofisticada e incisiva o pensamento visual do público.
“A obra que define seu próprio valor, a etiqueta de preço que confunde significante e significado, o papel ativo da cor e de sua composição formal usada para excitação retinal são fundamentos da serie Valores Ativos, obras conceituais que reduzem aos mínimos termos as expectativas políticas, econômicas, ontológicas e visuais sobre o valor da obra de arte hoje”. LS

Price Fields

Os Price Fields, literalmente Campos de Preço, são monocromos feitos de etiquetas de preço coloridas coladas em papel.
“O preço não é uma abstração... As etiquetas de preço fazem a obra de arte pertencer à classe de objetos aos quais se refere, não somente fisicamente, mas conceitualmente também…” LS
Em Price Fields o preço define a identidade da obra e não é só mais uma simples atribuição.
Salvatore criou esta série em um contexto de estudo da “cor como instrumento de promoção no comércio, em função da necessidade de diferenciar e expandir as possibilidades de consumo...”LS As cores das etiquetas mantêm a função original de capturar a atenção do público sobre o objeto de venda.

Opções

São obras que se apresentam como aposta sobre o valor futuro de outras obras de arte.
O artista escolhe trabalhos em leilões internacionais, neste caso no leilão de Arte Contemporânea da Phillips em Londres, de 5 e 6 de outubro de 2016, e aposta na redução de seus valores estimados para 1% em 100 anos.

Babel

Fotografia/Performance: essa obra consiste no ato de empilhar dinheiro, nesse caso moedas, até o limite de acumulação.
O registro apresentado nessa exposição é de uma das performances realizadas pelo artista no seu estúdio entre 2013-2016, em que acumulou, em forma de torre, 97 moedas de 5 centavos de euros antes de caírem.

Circuito Artissima

Circuito Artissima é uma reprodução em papel fotográfico da inserção da obra de Salvatore no fluxo de imagens do painel Instagram da feira de arte internacional Artissima.
‘Art Will Be Taken Away’ é a mensagem-obra que o artista escreveu sobre fundo branco, publicou no seu perfil de Instagram com o hashtag oficial da feira #artissima, junto ao convite aos seus amigos e participantes desconhecidos - os ‘co-autores’, para que a republicassem, inscrevendo dessa maneira a obra no circuito digital da feira.
Escrita sobre fundo branco, a mensagem republicada pelos ‘co-autores’ tornou-se a mais popular do painel de Artissima e criou dezenas de espaços vazio no painel de imagens causando uma sensação de ausência entre as obras reunidas no mural da feira.
Esta performance de 2015 foi repetida na Frieze Art Fair e na Art Basel Miami Beach também em 2015.




Exposições Laura Erber e Marcelo Jácome


Martha Pagy Escritório de Arte apresenta novos trabalhos de Laura Erber e Marcelo Jácome​

A artista visual e escritora Laura Erber mostra​ uma nova série de desenhos e prossegue na exploração do comportamento insubordinado das linhas, reforçando seu aspecto gráfico sobre o fundo agora preto. Cada desenho apresenta um momento ou cena do enovelamento de diversas linhas que parecem crescer e se multiplicar caoticamente a partir de um núcleo invisível.

Marcelo Jácome assim define a nova produção: "Essa série de trabalhos ressurge de uma época em que a rua foi por um tempo ateliê. Um tempo em que percebi que cor e precariedade seriam terrenos interessantíssimos de exploração. Essas colagens aparecem neste momento como afirmação dessas duas instâncias constituintes do meu trabalho. Assim sendo, ofereço a vocês Madureira Pop."

MARTHA PAGY Escritório de Arte participa do CIGA / ARTRIO 17




MARTHA PAGY Escritório de Arte | ARTRIO 17


Martha Pagy Escritório de Arte traz ao público na ArtRio 2017 uma seleção de obras de quatro artistas. São eles Fábia Schnoor, Joe Seiler, Leonora Weissmann e Nitcho. 

A escolha dos quatros artistas deve-se ao fato de todos apresentarem aqui pinturas, mas cada um com uma técnica e um conceito totalmente diferente um do outro. Ainda hoje há muita discussão sobre o que é pintura. Há aqueles que classificam pelo suporte. Alguns não consideram papel como superfície para pintura. Por outro lado, temos os que consideram a técnica o fato de aplicar material líquido, oleoso ou até mesmo pó sobre uma superfície qualquer criando coloridos, nuances e texturas.

Fábia Schnoor desenha com nanquim sobre papel. Sua técnica na utilização dessa tinta preta e da textura de seus suportes permite um resultado de pintura em que seu controle é bem preciso. São linhas bem orientadas que saltam do papel. A artista consegue uma tridimensionalidade na disposição do nanquim sobre o papel num belo resultado plástico.

Joe Seiler nos apresenta obras feitas com canetas esferográficas em diversas cores. Numa dinâmica incessante transfere toda a tinta da caneta para o papel até esgotá-la. Uma depois da outra. Esse depósito de tinta faz com que o papel se sature transformando suas linhas, riscos e traços em pinceladas. 

Já Leonora Weissmann abusa muito bem das cores em suas telas com tinta acrílica e vinílica. Assim também como das formas. Ela detém cenas de seu cotidiano ou de suas memórias e as coloca em paisagens alegres com cores vibrantes e exuberância. Sentimos sua liberdade e segurança ao pintar. 

Nitcho, conhecido inicialmente por sua atuação em arte urbana, apresenta-nos um conjunto de obras em pequeno formato. São cenas de ruas com murais onde quase sempre temos a representação do grafite. São situações de seu cotidiano urbano como se fossem capturas fotográficas. Um registro de seu universo exterior.

Franklin Espath Pedroso - Curador




PRORROGADA ATÉ 22 DE SETEMBRO

Sobre as individuais:

3 x Amsterdam - Paulo Gouvea Vieira

3 x Amsterdam faz parte de uma trilogia em que Paulo Gouvea Vieira relaciona imagens, palavras e viagens, tendo como inspiração​ ​e referência​​ ​textos de Van Gogh, de Nietzsche e de Goethe, em suas viagens a Amsterdam, Sils Maria e Itália, respectivamente.

​A primeira série da trilogia, que integra a individual, tem como cenário a cidade de Amsterdam, mais especificamente as águas de seus canais, em cujos reflexos Paulo busca as cores que causaram verdadeira epifania em Van Gogh em 1885. ​Naquele ano, Van Gogh esteve na cidade por três dias e tudo o que fez foi admirar as cores nas pinturas exibidas no antigo museu local. Em tom de descoberta, ele conta ao irmão Theo a rica experiência vivida.

A cidade, apresentada como essencial ao amadurecimento de uma nova fase colorista do pintor, é revisitada em 2012 pelo fotógrafo Paulo Gouveia Vieira, que viaja acompanhado das cartas.​ ​Na individual 3 x Amsterdam, as fotografias impressas em metacrilato são agrupadas em trípticos e revelam uma cidade que se desconstrói, que se despe de sua figuração, e se torna cor para as lentes do artista.

Frestas e Dobras - Ursula Tautz

Em Frestas e Dobras, Ursula Tautz mostra 9 desenhos e um objeto e lida principalmente com a questão do tempo e os possíveis desdobramentos de sua ação sobre a instalação feita pela artista a céu aberto.

​ ​“Durante 45 dias observei, quase diariamente, a instalação Frestas por onde muros escoam, construída para reinaugurar o espaço expositivo do Jardim da Reitoria da UFF. E esperei que a terra, acumulada em forma de pirâmide, escoasse entre os vergalhões dourados fincados no entorno dos aterramentos, em um movimento de expansão e contaminação. Por 45 dias esperei que as cadeiras equilibradas em seus cumes desabassem, afirmando a falência de um centro estável. Sob sol, vento e chuva, o lugar invadiu a instalação. A vegetação cresceu e tornou a terra sólida e verde e as cadeiras, firmes em seus centros.​ ​Aqui estão alguns dos desenhos e registros feitos durante esta espera, quando o trabalho me ofereceu outras respostas.” Ursula Tautz

Páginas Viradas - Flavio Colker

Em PÁGINAS VIRADAS, que tem curadoria de Andre Sheik, Flavio Colker mostra sua série mais recente, composta por 7 fotografias em que o artista explora a materialidade das páginas de livros. Relevos, texturas e dobras estão em evidência.

​ ​“Fotografei a leitura. O livro é um lugar que visito como se voltasse ao lugar da minha infância. As páginas são paisagens desse lugar.”​ ​Flavio Colker




INVENÇÃO DA PAISAGEM

Ficção, de Pedro Gandra
Mar, de Euri Bezerra
Emergente, de Nitcho
Premiados do Concurso Garimpo
Leonora Weissmann - Prêmio do Comitê Curador
Pedro Gandra - Prêmio do Júri Popular

MARTHA PAGY Escritório de Arte apresenta a exposição INVENÇÃO DA PAISAGEM, composta por ensaios visuais dos artistas Euri Bezerra, Nitcho e Pedro Gandra, cada um deles concebido como uma mostra individual sob título próprio.

O Escritório exibe também uma seleção de obras da artista Leonora Weissmann que, juntamente com Pedro Gandra, foi vencedora do Concurso Garimpo da Revista DasArtes - Leonora foi selecionada pelo Comitê Curador do Concurso e Pedro foi escolhido pelo voto do público.

INVENÇÃO DA PAISAGEM

O elemento de associação entre narrativas e técnicas distintas - fotografia, pintura e objetos pictóricos - é a paisagem enquanto espaço de sugestão, intervenção e memória.

No campo da pintura, o artista Nitcho, com larga experiência na arte urbana, segue com a investigação em torno do não-lugar e das inter-ações culturais entre espaço, tempo e indivíduo e o que daí emerge.

Em suas palavras, “os trabalhos são apresentados em formatos dinâmicos como esses tais espaços públicos podem ser”. Matéria, tempo e intervenções que se sobrepõem em camadas para contar histórias de outras histórias e fazer emergir novas narrativas que se sucedem ao infinito.

Pedro Gandra chama de Ficção o “conjunto de pinturas onde o espaço está representado sem muito adorno, sem muitas características, oferecendo mais uma sugestão do que uma descrição, na tentativa de lidar com a noção de um tempo, de uma paisagem talvez inventada.”

Na série Mar, o artista Euri Bezerra capta as imagens em longas exposições, propondo a diluição do tempo e do espaço e a criação de um campo visual ‘sem legendas’ a ser preenchido pelo olhar do outro.

Pinturas e objetos pictóricos compõem a mostra comemorativa do prêmio conferido à Leonora Weissmann pela curadoria do Concurso Garimpo-2017.




COLETIVA EM IPANEMA

Em mais uma iniciativa para ampliar o campo de visibilidade da arte contemporânea, Martha Pagy Escritório de Arte e Instituto Plajap apresentam a COLETIVA EM IPANEMA, com cerca de 50 obras de 20 artistas de diferentes gerações e linguagens, representados pela galeria.

A COLETIVA EM IPANEMA reúne num mesmo ambiente manifestações artísticas de naturezas diversas em um processo de contaminação dos trabalhos entre si e com o espaço expositivo. Pinturas, desenhos, fotografias, objetos-escultóricos, instalações capturam o olhar do visitante numa profusão de estímulos visuais e o convidam a fazer suas próprias descobertas.




Martha Pagy Escritório de Arte, em conjunto com o Instituto Cultural Plajap, tem o prazer de apresentar na ArtRio 2016 uma seleção de obras de dois artistas do Rio de Janeiro. Ana Dantas e Marcelo Jácome trazem obras inéditas, criadas especialmente para a feira.

As obras de Ana Dantas são fotografias que se recusam a permanecer enquadradas, estáticas. Com a intervenção da artista por meio de linhas brancas ou vermelhas, as cenas em que a própria artista se serve de modelo passam a ter uma dimensão a mais. Os fios invadem o espaço para fazer parte de suas cenas, de suas performances. Uma brincadeira com o olhar do espectador que requer contemplação. Um ir e vir para que a cada passo a obra se transforme. Um trabalho de muita força, vigor e qualidade técnica. No stand, o público poderá apreciar um belo conjunto ou a cada uma isoladamente.

Já Marcelo Jácome monta no mesmo espaço um conjunto de obras em duas situações. A primeira faz parte da série Planos-pipa: várias pipas são amontoadas cuidadosamente uma a uma formando um agrupamento em que cada elemento tem seu lugar previamente estudado. Cada cor e cada posição da pipa é pensada no espaço, pois a menor modificação muda toda a obra. O artista se utiliza de um elemento tão corriqueiro, lúdico e delicado mas que se apresenta de modo impactante. Em um segundo momento, ele nos apresenta a série Multiedros, na qual temos as estruturas de pipas, sem o papel de seda, montadas em diferentes posições e dimensões, assim como grupos de pipas completas emolduradas que integram também a série Planos-pipa.

Franklin Espath Pedroso




Ardósias, Cones e Paletas


Tenho o prazer de realizar essa nova exposição no Martha Pagy Escritório de Arte.

Anteriormente, em 2013, apresentei obras em torno do tema “Pão de Açúcar”, justamente no endereço em que havia realizado, nos anos 80, as fotos e serigrafias que compunham a mostra. De volta à Av. Rui Barbosa vou mostrar as Ardósias, os Cones e as Paletas.

Ardósias: uma série composta por telhas de ardósia, fio de aço e Plexiglas, que tem uma longa história no meu percurso de artista. Em 1974, enquanto estudava na Escola de Belas Artes em Genebra, encontrei no quintal de uma casa onde passava férias uma pilha de telhas em pedra – ardósia. Um “objet trouvé”. Com elas comecei então a montar relevos costurados com arame, sempre compondo espaços geométricos entre a telha e a placa de pedra. Nos anos seguintes trabalhei com outros materiais: fiz obras relacionadas com cultura popular, nomeadamente fotografias, instalações e objetos. Mais tarde comecei a esculpir em pedra, em mármore, e por fim em alabastro. Contudo, há poucos anos atrás, morando novamente em Genebra onde estou há 30 anos, encontrei outra pilha de telhas de ardósia. Com elas fiz esta série que apresento agora no escritório da Martha Pagy. São realizadas em pares ou single, às vezes costuradas com fios de aço ou de latão. O suporte de Plexiglas é então despolido, e aí começa o meu trabalho. Essas ardósias têm um formato e uma dimensão semelhante às de uma face, um rosto. Gosto de pensá-las como retratos.

Os Cones em alabastro são realizados em Volterra, na Itália, onde eu trabalho a minha pedra dileta. Em grupos ou isolados, são formas arquitetônicas inspiradas na natureza.

Sobre meu trabalho, Pierre Daix escreveu:
“Maria-Carmen Perlingeiro afirma que, a seu ver, esculpir não é apenas criar um objeto tridimensional, carregado de sentido e beleza, mas igualmente uma irradiação que se desprende desse objeto, ou de sua multiplicação, e que altera a luz do espaço ambiente. Que o arranca daquilo que esperávamos ver. Dessa forma, em pleno século XXI, a artista segue a linha e renova os primeiros traços das esculturas, das montagens em três dimensões que chegaram até nós, como o crânio de urso disposto na Gruta de Chauvet sobre blocos de pedras, dos quais se eleva um plano horizontal, uma base em que ele se destaca, adquirindo o valor de uma peça religiosa”.

As Paletas são relevos recentes em alabastro e ouro. Finas placas de pedra, quase um pergaminho, nasceram como uma homenagem a Jean Arp.

Maria-Carmen Perlingeiro
17 de Setembro de 2016




UM ESTRANHO ATRATOR PARA ANA DANTAS
de Arthur Omar


Para Ana Dantas, a forma é um acessório fundamental do auto-conhecimento. Cada obra uma etapa do processo evolutivo pessoal, tornando-se instrumento e função, antes de ser pura estética e entrar no campo simples da cultura. Sempre em rigorosa consonância com sua vivência psicológica, de tal forma que estética e vida se resolvem numa sinergia estranha e extremamente original.

Ética, probidade, rigor e auto-consciência. Técnica, forma, e domínio da retórica da imagem. Tudo a serviço da representação de si, em que fotografia e vídeo se tornam captadores e transformadores de uma performance na qual a artista corajosamente expõe seu corpo e sua presença.

Cada novo projeto emerge sempre interpretando um momento concreto da vida e servindo como um estranho atrator de novas experiências e soluções inesperadas. Assim, no seio mesmo de um plano rigoroso, cada projeto se revela como surpresa e paradoxo. A primeira a ser surpreendida é a própria artista, que se atira o tempo todo num teatro em que é a diretora, a atriz e a espectadora das suas inesperadas emergências.

Imagens sub-aquáticas, alegorias, símbolos, ópera de um ato, objetos de retórica transacional, composições ambíguas e paradoxais, com sentido nada óbvio, onde a nossa fantasia vem esparramar os seus terrores e as suas paixões com igual veemência. Ana Dantas é uma artista intensa e ao mesmo tempo reservada, e os mecanismos sutis que desencadeiam sua estética sem compromissos nada mais são que movimentos de um ser montando os domínios de um universo próprio em permanente tensão com o resto do mundo.

Ana tematiza essa tensão, com obras fotográficas em que seu corpo atravessa a barreira da representação e simula um salto invertido em direção ao real, e objetos concretos dialogam com a imagem, produzindo novas possibilidades de imagem, e assim por diante até o infinito. Fios que se desfiam a partir do plano da imagem, molduras encadeadas em abismo umas dentro das outras, bolhas (com a imagem da artista) que se deslocam como que atraídas pelos limites do quadro. Inúmeras variações, onde fotografia, objeto, vídeo, instalação se trocam os papéis em jogos paradoxais e muito delicados. O que torna sua obra fotográfica impossível de ser reproduzida num livro, pois toda reprodução se torna uma nova obra, a foto da foto é uma nova foto, e os fios físicos que se projetavam da imagem, na reprodução se tornam imagem, pedindo que novos fios restabeleçam uma outra conexão, e assim por diante.

Um exemplo. Uma foto, uma mulher num corredor, fios cor de rosa presos nas paredes laterais lhe travam o caminho, seus corpo está como que enredado numa armadilha, e seus gestos são de alguém que procura se desvencilhar daquela barreira abrindo caminho com dificuldade, como se atravessasse uma imensa cama de gato. Os gestos são escultórios e estão suspensos no ar, talvez a mulher não esteja mesmo se movendo e a trama de linhas que tecem a barreira no espaço sejam uma criação dela. Teatro? Um jogo? Ou apenas a espacialização de um estado psicológico?

A iminência de um salto? O início de uma travessia? um simples gesto congelado no ar, sem começo nem fim? Em tudo, o pressentimento do perigo, e sempre o corpo se fazendo pensamento no instante que antecede a sua entrega para a tomada pelo avesso.

Um fio, um trapézio, uma cadeira, uma corda bamba, o arame de um equilibrista, um caco de vidro, um manto, um punhado de cabelos, uma sombra projetada para fora da sua topologia poética. Mediadores. Estradas diHoeis e arriscadas, onde o caminhar é denso e tem que se efetuar passo a passo. A obra é investigação, é terapia, aponta problemas, redescobre soluções, religa com os fundamentos da vida. Um rito de passagem no centro mesmo da representação. Só depois dessa passagem ela se toma arte.

Nessa “fotografia”, com todos os seus objetos encenados e desconstruídos, onde uma dimensão está à beira ou aos pés de uma outra dimensão, o lado de lá desejando o lado de cá, não se trata de devolver ou relegar a personagem à realidade. Talvez mesmo, ao contrário de toda a aparência e da disposição óbvia dos elementos que convidam a uma associação clássica e tensa e sempre questionada entre a imagem e sua “origem”, stairway to heaven, o que se tematiza aqui seja o oposto: uma retirada estratégica, a partir de uma solução que a personagem já encontrou. Espectador e personagem, seus olhares não se cruzam nunca. O mundo onde ela está já é um mundo simplificado, os objetos que se projetam são instrumentos simplificados próprios para o arremesso do corpo no vazio. Como se a personagem estivesse de costas para o real, e não de frente.

Não é o real que falta nessas imagens, ao qual os fios conduziriam. Ao contrário, o real já não é mais o problema nesta representação, mas o desejo de perfazer visualmente a radicalidade crítica de um espaço novo que possa se construir. Um espaço desprovido de seus elementos balizadores das distâncias geométricas.

Se olharmos bem, na direção e na distância corretas, ali estão os fios, não esparramados no mundo do espectador, mas presos na moldura, e da moldura se projetam para dentro da imagem, uma projeção às avessas, uma retro—projeção, não um sair, mas um entrar, um re- penetrar, como se a operação simplificadora do espaço onde se encontra a personagem não tivesse sido completa, e faltasse algo mais para que a redução possa ser completada.

Olhar para a obra de Ana Dantas, e olhar também para este livro, onde ela se multiplica, mais que se reproduz ou apenas se exibe, radicalmente, significa para o espectador, penetrar nesse vazio, ou nesse grande silêncio que as criações da artista instaura, e que todas as páginas almejam. Um silêncio que seria apenas pressentido não existisse a obra. Há um espaço novo, onde o ser não pode mais ser aprisionado, e, passar pelos interstícios das linhas, puras linhas, que vão até a moldura e podem ser tocadas pela mão do olho que contempla, é um ato de pura libertação. Quando Ana Dantas olhar sua própria obra, poderá dizer, eis a imagem que eu criei, e a pessoa em que me transformei realizando esse trabalho. Um ponto de felicidade suspenso por um fio. Qual deles?

A realidade da imagem, e a ficção da realidade vão se encontrar até o limite de um toque impossível, mas figurado desde o princípio como ironia, paradoxo, suspensão da crença estética num voo da imaginação de linguagem. Uma grande brincadeira.


A TECELÃ

Na infância de Jaqueline Vojta há uma tecelagem. Escrevo “há”, e não “havia”, pois a infância não passa nunca, é um lugar ao qual regressamos constantemente, abrimos uma porta e entramos nele, quer para fugir ao presente, quer para o compreender melhor. Jaqueline abre essa porta secreta e vai à infância buscar as pontas das peças de tecido que saiam do tear rasgadas e sujas. Começou por pintar sobre elas composições abstractas, em tons suaves; passou depois a colar outros tecidos sobre essas primeiras composições, criando uma textura, uma densidade, que constituem hoje uma das mais óbvias características do seu trabalho. A fábrica fechou, em 1998, após a morte do pai. O desejo de Jaqueline é de ir trabalhando o tecido remanescente, dando-lhe outras formas, um outro uso, salvando-o do abandono e do esquecimento. Estende uma tela no chão e vai colando sobre ela fragmentos de tecido, que a seguir tinge com tinta acrílica. Atenção às costuras! Nos trabalhos mais sombrios, Jaqueline costura os panos com arame, que por vezes pinta de dourado, ou expõe ao tempo e à umidade, deixando que a ferrugem os devore como um sútil incêndio. As costuras alastram como desenhos. Olho para eles e do que me lembro é dos estandartes e mantos de Arthur Bispo do Rosário, ou de Lampião, entre uma ofensiva e outra, sob o duro sol do sertão, bordando os seus paramentos e bornais. A arte é um jogo de lembranças, um colar de missangas, cada conta nos contando uma história diferente. Aqui é um dia de tempestade, uma água escura fustigando a floresta; ali estende-se uma praia nua, batida pelos ventos; mais ao longe podemos ver um morro, um casario, cruzes plantadas em breves outeiros. Paisagens imaginárias que abrem para paisagens reais. Na arte de Jaqueline, como na natureza, nada se perde, tudo se transfigura e move – uma tela leva a outra e esta à próxima.

José Eduardo Agualusa

Texto publicado na revista Santa Arte #4




Expandindo a pintura: matéria cromática de um cotidiano
Daniella Géo

A ideia de um Brasil esplendoroso mesmo que precário não é estranha à obra de Marcelo Jácome. Ainda que não se dê manifestamente. As pesquisas do jovem artista são governadas pela abstração e a ele interessa, primordialmente, examinar a noção de autonomia das cores e explorar a relação entre pintura e espaço. No próprio cerne de sua investigação, entretanto, e na escolha de alguns de seus materiais, dois universos convergem. Um, dos questionamentos estéticos e, outro, da experiência do cotidiano. É justamente nessa adjeção que esplendor e precariedade se inscrevem.

Ainda quando seu trabalho se enquadrava na categoria tradicional da pintura, Jácome já tinha como referência as manifestações pictóricas livres do limite do quadro, em particular, o grafite e a aplicação informal dos lambe-lambes em espaço urbano, com suas sobreposições e desprezo às normas. A partir do questionamento quanto ao lugar da pintura, esta foi reapreciada em sua relação com a superfície pictórica, o espaço expositivo e o urbano, assim como com a própria vida. O consequente reposicionamento de sua obra em muito foi conduzido pela vivência da cidade, das ruas e esquinas, dos muros, dos morros, do céu do Rio de Janeiro e também das cores que lhes transformam. O que contribuiu igualmente para a postura tomada junto à noção mesmo de pintura expandida.

A pintura vista como uma prática para além da tinta e da superfíce da tela vivificou a pesquisa de artistas, mesmo antes de Rosalind Krauss abrir caminho para se discutir a arte no campo expandido. Mas, na última década, essa noção vem sendo reanimada e aplicada a mídias diversas, da pintura à colagem, da fotografia ao cinema. Mais do que hibridismo e quebra de categorias artísticas, a expansão do campo da pintura seria antes a abertura desta a outros meios de representação, que contudo guardam a lógica da pintura e os questionamentos que a norteiam como ponto de partida de sua concepção.

Incluídos nessas pesquisas estão trabalhos que chegam a abandonar tanto as telas quanto o gesto do pintor e a tinta, ao radicalizar a problematização entre plano e tridimensionalidade e a cor como matéria. Os critérios do que designaria pintura são ampliados a outras mídias e técnicas por meio dos quais a pintura como ideia pode se apresentar e ser percebida como tal. Mais especificamente à essa linha de pesquisa que a obra de Jácome vem-se alinhando. As cores são materializadas por objetos do dia-a-dia que têm o potencial de alterar nossa experiência do espaço, que por sua vez é definido pelo mundo a nossa volta. A pintura é, com efeito, restabelecida como constituinte das experiências cotidianas.

Embora tinja eventualmente certos elementos, Jácome costuma recorrer a objetos pertencentes ao dia-a-dia da cidade como materialidade cromática, cuja forma original pode ou não ser alterada na composição da obra. Alguns desses objetos, como as fitas, velas e pipas, são também apropriações simbólicas. Com estreita relação com o espaço público, elas fazem referência, respectivamente, às práticas religiosas de raiz africana ou sincrética e às atividades lúdicas – ou criminais – das favelas cariocas. Jácome é informado, não apenas pela história da arte, mas também por um cotidiano que, embora não faça parte de sua experiência direta, é indissociável da vivência da cidade em que nasceu.

Transpostos para as obras, esses objetos, que em si são banais e dados a universalidade, se prestam, uns mais do que outros, à diluição de sua atribuição figurativa em prol de suas formas simples e rasas. Tornados abstrações, eles protagonizam superposições, impregnações e atravessamentos em que planos se interpelam e, como unidade, favorecem, por vezes, a tridimensionalidade. Suas formas, majoritariamente geométricas, servem a um construtivismo intuitivo que, como queriam os Neoconcretistas, dá ênfase à liberdade e expressão criativa, à subjetividade. Como se guiado pelo acaso, pela espontaneidade contida no instante mesmo do ato construtivo, Jácome é conduzido, gesto a gesto, pela conjunção e espacialização de cores. Na intenção de “pintar” o vazio, mais do que as formas, são as cores como corporalidade e espacialidade que a obra de Jácome explora.

Contradições são vitais à dinâmica da arte. Da dialética típica dos anseios estéticos da pintura tradicional, surgem àquelas projetadas pela expansão de seu campo, que por sua vez geram novas contradições em cada manifestação artística em particular. No caso específico das obras de Jácome compostas por fitas, velas e pipas, a contradição nasce justamente com essas escolhas. E não apenas pela condição de objeto figurativo ser mantida em sua individualidade, mas suprimida na totalidade da obra. Se, por um lado, as obras pretendem privilegiar a reflexão sobre as cores, a abstração e a pintura como ideia, por outro, as origens simbólicas das apropriações - por serem conhecidas por meio do discurso que extrapola a obra ou reconhecidas por meio de uma vivência similar da cidade –, inevitavelmente, propõem uma articulação entre abstração e vida e, potencialmente, se fazem significar.

Em adição, essas fitas, velas e pipas consistem em materialidades modestas e ordinárias, mas que não se atêm às cores primárias, ao contrário, são múltiplas, luminosas e vibrantes. E é justamente nessa paridade – ou nessas cores em suas dimensões físicas e materiais – que esplendor e precariedade são vislumbrados. Sua associação à origem simbólica das apropriações, logo, ao contexto socio-cultural que estimulou a produção da obra, substancia tal ideia. Enquanto a fragilidade da matéria evoca a precariedade da estrutura social, a sensualidade e tatilidade da explosão de cores, assim como sua espacialização por vezes monumental, cumprem com a ideia de um Brasil festivo, de manifestações culturais fulgurantes. Esplendor e precariedade não se encontram em campos opostos e, por isso mesmo, encerram uma tensão no corpo social e no da obra.




O Ponto e a Linha

O ponto é a representação da partícula geométrica mínima da matéria e, no plano simbólico, é considerado como elemento de origem. A linha é uma sequência de pontos, e, como elemento conceitual, poderíamos defini-la como um ponto em movimento, ou como a memória do deslocamento de um ponto, isto é, sua trajetória. A série O Ponto e a Linha evoca esses elementos primordiais da construção da forma como comentários ou instantes poéticos e narrativos sobre o corpo, o feminino, a escrita e o tempo.

Fábia Schnoor



Texto sobre a série ‘FRONTEIRAS’ – 2016

A série Fronteiras teve seu ponto de partida em 2011 quando quase caí no chão ao ser abalroada por uma senhora numa calçada do bairro Leblon. Naquela hora pensei nas fronteiras dos comportamentos e na convivência em sociedade; na fronteira imposta pelo tempo no decorrer da evolução do homem social e do seu corpo físico.

A criação de trabalhos em torno do tema fronteiras foi tomando forma a partir de observações do cotidiano e, durante o processo do fazer e de construir, obtive as respostas para desenvolver o projeto. Na escolha dos materiais para produzir os trabalhos optei por aqueles que me oferecem respostas estéticas e simbólicas para as questões que vão surgindo e recorri a operações variadas onde demonstro o meu interesse no diálogo entre duas ou mais técnicas artísticas.

Uma das ideias foi a da fronteira entre milênios que testemunhei (1000/2000), sendo o tempo o fator e a questão que mais me interessam. Encontrei no livro ‘Seis propostas para o próximo milênio’, do escritor italiano Italo Calvino, uma produtiva parceria através de suas propostas: Leveza, Rapidez, Exatidão, Visibilidade e Multiplicidade (ele morreu antes de escrever Consistência, sua sexta proposta), e acrescentei a minha própria: o Tempo.

Outras questões se apresentaram naturalmente questionando o próprio fazer e as fronteiras possíveis entre a pintura e a escultura, o manual e o digital, o natural e o artificial; entre o êxito do fazer e a dúvida da criação.

Penso na arte como um veículo que me dá a possibilidade de chamar a atenção para assuntos do dia a dia e ao mesmo tempo ativar a memória passada ou momentânea do espectador através de obras interativas ou não. Expresso a minha intenção em ressignificar o meu fazer artístico e aguardo uma reação do observador perante às novas propostas.

Ivani Pedrosa

Porto, 01 de março de 2016.



RECORTES IMPREGNAÇÕES E LIXO [coupures, imprégnations et déchets] :

L'exposition [recortes & impregnaçoes] réunis des travaux exécutés entre 2014 et 2016 à Rio de Janeiro. Elle retrace les lignes essentielles de mon travail sur le familier et l'étranger, sur les coupures et imprégnations liées à l'état d'entre deux: entre deux vies, entre deux lieux, entre deux réalités.

La série [recortes] utilise l'objet « livre » comme matière sculpturale. Les livres ainsi fragmentés renvoient à la solitude des objets qui nous sont familiers et quotidiens, en icônes d'absence, organes flous, autoportraits étranges entre l'être et le non-être.

Le projet Deep-in (profond-en) ou [Deepping] (plonger) développe l'idée de l’imprégnation/contamination corporelle. Il expérimente la porosité de l'être au temps et à l'autre. Il évoque la pulsation sans fin d’absorption et de retrait, ce qui  demeure et  ce qui disparaît en nous.

Le projet [Lixo] rassemble en un projet participatif des images «déchets» mises au rebut dans nos poubelles virtuelles d'ordinateurs . Réduites, traitées, rendues monochromes, les images sont recyclées en installations évolutives au fur et à mesure des vagues de téléchargements. Obsolescence de nos mémoires, accumulation des images, possibilité de transformation et de réappropriations du souvenir, réalités et virtuel, sont autant de sujets abordés ici.


A exposição [recortes & impregnações] reúne obras realizadas entre 2014 e 2016 no Rio de Janeiro, traçando as linhas essenciais do meu trabalho sobre o familiar e o estrangeiro-estranho, sobre recortes e impregnações, que se relacionam com o estado de ser entre duas vidas, entre dois lugares, entre duas realidades.

A serie [recortes] usa o "livro" objeto como material bruto escultural. Os livros assim fragmentados referem-se à solidão dos objetos familiares e cotidianos, em ícones de ausência, órgãos distorcidos, auto-retratos estranhos entre o ser e o não-ser.

O projeto Deep-in (profundo -em) ou ou [Deepping] (mergulho) desenvolve a ideia de contaminação/ impregnação corporal. Ele trata da porosidade do ser ao tempo e ao outro. Evoca a pulsação sem fim de uma absorção e de uma retirada (desistência), do que permanece e do que desaparece em nós.

O projeto [Lixo] reúne imagens descartadas, apagadas na lixeira virtual de nossos computadores. Reduzidas, alteradas, tornadas monocromáticas as imagens são recicladas em instalações evolutivas ao sabor do processo de download . Obsolescência da nossa memória, acumulação de imagens, possibilidade de transformação e reapropriação da lembrança, realidade e virtualidade são as questões levantadas aqui.

Marie-Cécile de Beyssac




Pensamento Pictórico

Em determinado período do seu trabalho, as pinturas do artista alemão Gerhard Richter parecem fotografias. Ele leva para a tela a profundidade de foco, a gradação tonal em preto e branco e até o “tremido” da fotografia, quando a velocidade lenta e a câmera na mão produzem uma imprecisão.

Warhol e muitos artistas do pensamento pop, inclusive no Brasil, se interessaram pela fotografia como uma “nova paisagem”. Hoje, ainda mais, a imagem se tornou prevalente sobre a paisagem física: a imagem determina nossa ideia de paisagem, cidade e indivíduo. A relação do olhar com o mundo é mediada por imagens. Richter expõe a ambiguidade entre precisão e imprecisão da fotografia na captação do visível. A pintura, “conclusão” do olhar, pensa o visível e faz a síntese do precisa ser enxergado.

Pintura começa em pensamento que, através do gesto, acumula massa pictórica. A fotografia é uma tradução automática do visível, feita na câmera escura, para o bidimensional. É automática. Aquilo que está diante do olhar se transforma em imagem quando o aparelho fotográfico é acionado. Esse aparelho é basicamente a câmera escura usada no atelier renascentista para produzir perspectiva na pintura. Quando o filme sensível é inventado, a imagem é liberta do atelier para se tornar autônoma; um duplo do que se vê, capaz de sobreviver à visão, ao momento em que foi visto. A fotografia nasce ligada ao acontecimento, como um irmão siamês de cada momento. Com a fotografia, o momento passa a ter ângulos de visão, múltiplos ângulos. O momento se torna um polvo de muitos braços generosos. Em cada ângulo, um fotógrafo. Em cada fotografia, uma visita a esse momento, uma recordação, uma descrição. A observação fotográfica se torna a febre do século 20 e substitui todas as tentativas de formulação e descrição da realidade: a fotografia torna tudo inteligível, enquadrando e reduzindo pessoas, multidões, fenômenos, conflitos etc., dentro da imagem.

Está na hora de lembrar a história da fotografia. No fim do século 19, Paul Strand escreve um manifesto modernista na revista Camera, editada em Nova Iorque por Stieglitz. Strand, propõe aos fotógrafos que procurem uma estética própria da fotografia. Ele procura a nitidez, a geometria e principalmente o detalhe em macro. Algo específico da fotografia que esteja além do que é visto e que seja encontrado através da câmera, antes de ser imaginado. Segundo o modernista Strand, a imagem deve ser produção da câmera fotográfica, sua propriedade, não mais a tradução da pintura romântica refazendo mitos e cenas literárias no estúdio ou capturando auras e fantasmagorias em reuniões espíritas. O manifesto de Strand leva o fotógrafo/artista para as perspectivas produzidas pela indústria. Leva o fotógrafo para descobrir o olhar da máquina.

A imagem paira sobre o encontro entre o inconsciente e a industrialização, e cabe ao fotógrafo revelá-la. A interseção inteligível, reflexiva, com as máquinas.

Havia uma nova paisagem a ser formulada. A fotografia acelerou o modernismo. Vieram o formalismo de Weston, a documentação de Walker Evans, a aceleração da arte com Man Ray e Duchamp. Aparece o futurismo, todo sobre a aceleração. Lartigue fotografa a aceleração de um carro. Man Ray produz imagens antirromânticas de nu/ objeto/ máquina. Duchamp faz retratos disfarçado de bandido e de mulher. Usa as máquinas de retrato dos parques de diversão para fazer autorretratos onde se torna mais indescritível, menos conhecido, mais enigmático. A fotografia torna a identidade e a essência de cada um em clichê produzido em série. Walker Evans concretiza a melancolia e o desespero literário do século 20 nas imagens que faz dos EUA na depressão econômica. A fotografia crítica e social da depressão americana, circulando nas revistas, dissipa a ideia burguesa de descrever o artista como alguém desligado da realidade. O fotógrafo mostra as coisas como elas são: duras, nítidas, sólidas, impessoais, aceleradas, em movimento.

Apesar da inteligência na proposta modernista de Strand, o fotógrafo não controla a máquina: é a fotografia que vai dominar a natureza, o ser. Ela vai se tornar o mundo. O fotógrafo se desloca da posição de observador do momento para se tornar o criador da paisagem, do momento, do mundo. A fotografia se torna anterior à paisagem na civilização moderna. A fotografia se tornou rápida e fácil, reproduzindo-se com voracidade, colada em toda existência até o ponto que começa a substituí-la. E, nesse momento de triunfo da imagem, a fotografia aparece como personagem na pintura pop. Os artistas, e só eles, perceberam que a imagem fotográfica havia se libertado do olhar para se apossar do lugar dos vivos. Warhol pinta a Marilyn..., mas pinta a imagem da Marilyn, sobre a imagem impressa da Marilyn. Sua tela, sua paisagem, sua coisa, sua matéria.

A estratégia para deslocar a fotografia do lugar de mediação entre pensamento e acontecimento começa ali. A estratégia projeta o fotógrafo para um outro ângulo e lugar. Um lugar subalterno á pintura. A imagem não será mais a irmã siamesa do que existe ou a expressão definitiva do que acontece entre espaço e tempo. A pintura volta a mediar a relação entre olhar, paisagem e pensamento. E a fotografia sai dos departamentos e coleções específicas para ocupar as paredes das instituições de arte em pé de igualdade com todas as obras.

A fotografia deve ser comandada pelos artistas. O segundo passo dos artistas na fotografia foi aplicar a ideia minimalista. A exposição New Topographics, nos anos 70, cria um novo gênero de fotógrafo, que abandona a ideia de “momento decisivo”, de observador da aceleração cotidiana, para meditar sobre a paisagem e suas possíveis proximidades com dinâmicas da arte contemporânea. O casal alemão Becher, professores da Academia de Arte de Dusseldorff, aparece nos Estados Unidos pela primeira vez com suas séries disciplinadas e obsessivas de fotografias que catalogam prédios industriais segundo sua especificação produtiva. Uma tipologia de prédios industriais. Lewis Baltz fotografa periferias urbanas em regiões desérticas onde a paisagem evidencia um mundo feito de forma sem sentido. É uma paisagem inóspita, perigosa onde a natureza humana não é mais grandiosa, e sim um clichê diminuído. Robert Adams, Joe Deal, Frank Gohlke, Nicholas Nixon, John Schott, Henry Wessell e Stephen Shore completam a lista de fotógrafos dessa exposição que criava um novo gênero, uma cena fotográfica distante do mundo da comunicação e próximo da arte minimalista, na fronteira histórica entre arte moderna e contemporânea. Há um reencontro na paisagem, na topografia, entre a fotografia e a pesquisa das artes plásticas.

A pesquisa da paisagem continua entre os alunos dos Becher na academia de Dusseldoff; Andreas Gurski, os dois Thomas, Ruff e Struth e Candida Hoeffer criam nova torção sobre a imagem e a paisagem, manipulam a paisagem para aproximá-la da idealização. Separam a imagem do acontecido, do mundo em movimento. A imagem deve ser apenas imagem e um espelho para ideias. Gurski distancia a câmera e enquadra a multidão, manipulando a imagem e criando harmonias utópicas. Sempre com o olhar distante, enquadra a serialidade do “tudo a 1 dolar” nos supermercados. A realidade parece cada vez mais um projeto idealista e absurdo na fotografia próxima da arte.

O terceiro passo dos artistas na fotografia será a encenação. Starlets, garotas que fogem de casa, Gangs de rua... Toda a paisagem contemporânea que era capturada espontaneamente será encenada pelo fotógrafo. A ideia de Barthes de que a fotografia é extensão do teatro, e não da pintura, apresentada no livro Câmera Clara, vai ressoar. A ausência da tinta, da massa pictórica, do gesto do pintor na tela, vai ficar clara. A relação da fotografia com o pictórico é de conflito e impossibilidade. Uma transgressão da natureza de cada meio esta sempre implícita nas aproximações. A transgressão é a pressão para produzir reflexão. Separando imagem e existência ao aplicar doses de artificialidade na cena. A fotografia volta ao atelier do século 19, quando imagens eram compostas e encenadas. Cindy Sherman, Mapplethorpe, Mohammed Borouissa, Rineke Djikstra e Jeff Wall. Nan Goldin mostra a vida sentimental com a sensibilidade camp, onde a dor de viver é melodramática. Tudo é exagerado. A pintura disfarçada de fotografia em Richter, e a fotografia como pintura refletida na imagem em Jeff Wall. O melodrama de Nan Goldin. As cenas de Cindy Sherman e Borouissa. Os Gainsborough na praia de Dikstra. Há um aspecto de máscara. A farsa é constante no repertório da arte desde sua aparição no Ocidente. É uma ideia moderna, e a arte aparece se dirigindo ao moderno. A fotografia extensão do pictórico é assinalada como um sintoma de pós-modernismo. Seria o caso de compreendermos que estamos diante de um desdobramento do moderno. A fotografia nasce dentro da câmera escura, um instrumento de pintores. Desgarra-se para inventar a sociedade de imagem. Os pintores vão atrás e a trazem de volta para a tela, para o campo da arte, território da liberdade individual, da reflexão, da igualdade entre as diferenças, do espírito moderno.

Flávio Colker



Trabalhos em Bic, na Exposição

A caneta esferográfica, um material comum na sociedade contemporânea, permite criar rabiscos através de movimentos contínuos e fluidos, sem ter der tirar a ponta do papel. Os trabalhos são feitos a partir do acúmulo das linhas, rabiscando até que se dissolvam com a saturação da tinta no papel, mesclando desenho com pintura. Começando com pinturas monocromáticas para explorar as características da tinta, os trabalhos foram evoluindo dentro de seus limites buscando referências na história da pintura abstrata.

Joe Seiler



Genealogia dos trabalhos Pensando Simultaneamente, para a Exposição Pensamento Pictórico

Através do recurso ao auto-retrato fotográfico, estas imagens ativam o repertório iconográfico da pose presente na pintura clássica, fazendo referência direta ao trabalho de Jean-Auguste Dominique Ingres (1780-1867) A banhista de Valpinçon.

Laura Erber



Infinitos de Cor

Pensamento Pictórico

Os Infinitos são trabalhos idealizados há tempos e só em 2014 resolvi finalizá-los e colocá-los em exposição. Essa vontade surgiu com a exposição “Provocando o Infinito” que fiz no espaço cultural da Mannesmann, em Belo Horizonte. Pinturas, objetos e fotografias formavam o conjunto. Todos os objetos traziam a questão da pintura em várias configurações. Provocar o infinito é justamente o que a poesia, a arte fazem.

As ampulhetas são antigos medidores do tempo, um tempo que se mede com a matéria se movimentando de um espaço para outro. Um tempo limitado pela forma. A forma do objeto ampulheta é semelhante ao infinito. Quando colocada em um gesto, horizontalmente, na paisagem, a ampulheta cristaliza esse tempo que para de escoar. Além do tempo, ela trás a matéria e a cor em movimento. Quando colocada em caixas com pigmentos as cores entram em diálogo formando um ritmo. Seriam infinitos eternizados? É possível eternizar através da imagem?

A partir dos infinitos de cor, surgiram outros desdobramentos. A fotografia dos infinitos traz outra ‘eternização’ e, quando desfocada, essa cor que está confinada dentro do espaço se dissipa em expansão. A imagem se dissipa junto com a cor em uma lenta expansão registrada graças à fotografia. É também uma redundância proposital, visto que o infinito por assim ser está sempre em expansão.

Leonora Weissmann



Pensamento Pictórico

São pinturas que contêm áreas de cor (cor pura), áreas de recorte, e palavras; em certos momentos, espaços vazios, traços e curvas sutis marcados em branco ou em preto que “recortam” a pintura como se passassem por cima dela. Esses traços simulam espaços e delimitam regiões.

Em todos os trabalhos aparecem formas simples de figuras humanas aparentemente estáticas, como num movimento parado, de traços indefinidos que, por vezes, são apagadas ou parecem desaparecer na intensidade cromática. A representação dessas figuras insiste em aparecer na forma de memória redefinida, reinterpretada, transposta como indicação de uma ausência, de um decurso, de uma lacuna.

As várias camadas de tinta sobrepostas encobrem ideias deixadas na tela que são refeitas inúmeras vezes. Não são desmanchadas, permanecem ali encobertas na pintura, como vestígios, indícios visíveis.

A palavra também é elemento recorrente em todas as pinturas. É tão relevante quanto a estrutura, o peso, a fatura, a forma, a densidade e a saturação das cores. No caso específico dos trabalhos apresentados podem ser frases, ou apenas palavras dispersas que compõem as imediações e percepções do tempo, da distância, da ausência e seus lapsos. O texto é também, frequentemente utilizado como elemento visual poético. É algo como uma linha condutora.

Por hábito do processo de criação realizo diversas anotações ao longo do tempo. São pensamentos, frases, citações e palavras que ficam guardados e quando revisitados, em várias ocasiões, transformam-se em um elemento catalisador para a realização das pinturas e elaboração dos seus títulos.

A cor é utilizada como um campo de sensação em uma pintura que pode também fazer alusão à ambientações sem identificação precisa. Apresentando-se com traços às vezes túrbidos, deixando manchas, insinuando estruturas que parecem estar à beira do desmanche.

Pedro Gandra




CARTOBIOGRAFIAS compõe-se de uma série de pinturas sobre papel de tecido, em que FÁBIA SCHNOOR utiliza sobretudo o nanquim - ora em traços finos ora em grossas pinceladas - para criar mapas biográficos, percursos de memória, vasos comunicantes pontuados por delicados relicários de cor e imagens, fragmentos de textos ininteligíveis, revelando conjuntos de elementos que não se esgotam ao primeiro olhar, que expõem o avesso e remetem ao universo visceral do gesto.

Como vestígios, marcas deixadas pela própria artista ou deliberadamente incorporadas ao seu universo, esses elementos se organizam em grandes superfícies e exploram a textura do papel de tecido, conferindo-lhe volume, corpo e curvas. Ou se condensam em pequenas mensagens, ou ainda em pinturas sobre cartões postais, que se ressignificam, desprendendo-se da matéria original e ganhando autonomia.

Fábia propõe uma escrita e conduz o espectador a percorrer diagramas que não se fecham, a delimitar espaços como em um jogo de ligar os pontos em busca de uma nova configuração.

CARTOBIOGRAFIAS enfatiza questões relevantes da poética de Fábia Schnoor: a relação entre a escolha e o acaso do gesto e a possibilidade de criar cenários que apontam para elementos aparentemente opostos como em uma harmonia entre notas dissonantes, um equilíbrio delicado no cenário do que parece incerto.

MARTHA PAGY






POTÊNCIA DO DESENHO

Paulo Sergio Duarte

Todos sabem que a força autônoma do desenho é moderna. Antes o desenho era visto como forma auxiliar e preparatória para a pintura ou para estudos, sem o mesmo estatuto da tela a óleo, de um mural ou afresco, de uma escultura ou mesmo de uma gravura. A arte moderna e o mundo contemporâneo elevaram o desenho ao mesmo patamar de qualquer outro gênero da arte e transformaram em ato sua potência, antes subestimada.

Os desenhos de Fábia Schnoor são a demonstração dessa potência que passa ao ato e, notem bem, sem o apelo fácil, tão em moda, às imagens banalizadas no cotidiano da sociedade de consumo. O uso do nanquim sobre papel é outro elemento da tradição que os desenhos de Fábia trazem para o presente numa linguagem atual. E o suporte aqui não é neutro; como em boa parte da inteligente arte contemporânea é protagonista, junto com a tinta, e participa ativamente na constituição dos trabalhos. Tanto naqueles desenhos em que o papel, cuja textura na sua massa é constituída de fios têxteis, vai absorver e trabalhar a tinta expandindo-a na superfície além do gesto da artista, como naqueles duplos, cujo suporte transparente permite que tenhamos, na sobreposição, uma obra que produz seu próprio fantasma.

Sem estardalhaço, estamos diante da potência do desenho em toda sua força contemporânea.

Rio de Janeiro, junho de 2015.








RE-LENDO

A exposição RE-LENDO reúne cinco artistas convidados a produzir novos trabalhos a partir de livros recuperados de um incêndio. Livros que não foram queimados, mas que traziam vestígios e marcas do acontecimento e cuja transformação se afigurou como parte de um processo de elaboração da perda.

A perspectiva de criar em torno de um tema pré-definido pode trazer embutida a ameaça de aprisionar o trabalho em um cenário que não necessariamente faz parte das escolhas do artista.

Ainda que com absoluta liberdade para trabalhar, o artista vê-se transportado para um contexto físico e simbólico deslocado de sua rotina de produção.

Por outro lado, o desconforto obriga-o a posicionar-se diante do que lhe é oferecido e um novo campo pode abrir-se para o trabalho.

Não por acaso, neste processo iniciado há mais de um ano antes da abertura da exposição, o ponto de partida pareceu ser a atitude - comum aos cinco criadores - de dessacralizar o livro como fonte de saber e objeto a ser preservado, transformando-o em matéria a serviço de sua produção.

O confronto revelou-se saudável e dele surgiram trabalhos em suportes variados que ora confirmam ora renovam o olhar do artista e o seu recorte do real.

O trabalho de curadoria consistiu na escolha dos artistas e na seleção final das obras para a mostra, sem interferir no processo de criação. E prosseguiu na montagem, com a opção de agrupar os trabalhos por autoria de modo a permitir uma imersão nos respectivos universos criativos. Pequenos núcleos de obras que conversam entre si e com o ambiente intimista da casa.

RE-LENDO incluiu a produção de um catálogo e o registro em vídeo de depoimentos dos artistas, da curadora, de Jacqueline Plass, de quem partiu a ideia da exposição, e de Yvonne Menezes, a quem pertenciam os livros e que generosamente viabilizou a mostra e seus componentes.

O meu agradecimento especial aos artistas Fábia Schnoor, Ivani Pedrosa, Marcelo Jácome, Marie-Cécile Conilh de Beyssac e Valerio Ricci Montani, pela dedicação e seriedade com que abraçaram o projeto.

Martha Pagy
Curadora